O Taliban paquistanês esboçou as condições para um cessar-fogo, incluindo a adopção da lei islâmica no país e a ruptura com os Estados Unidos, disse um porta-voz do grupo, esta Quinta-feira (27), uma oferta que um alto funcionário do governo descreveu como “absurda”.
Numa carta enviada ao diário The News, do Paquistão, o Taliban também exigiu que o país encerre o seu envolvimento na guerra que opõe os insurgentes afegãos ao governo do Afeganistão e se concentre numa guerra de “vingança” contra a Índia.
A carta do porta-voz do Taliban, Amir Muawiya, surge num momento em que a NATO muda o foco no Afeganistão, da ênfase militar para uma potencial negociação de paz, e também em meio a especulações de uma cisão entre os principais líderes do Taliban paquistanês.
Os oficiais militares disseram à Reuters, mês passado, que o líder do Taliban paquistanês, Hakimullah Mehsud, havia perdido o comando operacional para o seu vice, Wali ur-Rehman, que é considerado mais aberto à reconciliação com o governo paquistanês.
O Taliban nega que Mehsud tenha deixado o comando. O Taliban paquistanês é um movimento separado do Taliban. Conhecido pelo nome Tehreek-e-Taliban (TTP), o grupo lançou ataques devastadores contra militares e civis no Paquistão.
“Eles são um bando de criminosos. Este não é o Taliban afegão. Eles não estão abertos a negociações”, disse um alto funcionário do governo, que qualificou a oferta do Taliban paquistanês de “ilógica”.
“Ninguém pode levar essa oferta ou os seus termos a sério. O TTP não é uma entidade adequada, certamente não uma entidade com a qual algum governo possa negociar.”
As condições do cessar-fogo, confirmadas pelo porta-voz Ihsanullah Ihsan num telefonema à Reuters, especificam que o Paquistão tem de reescrever as suas leis e Constituição nos moldes da lei islâmica.
“Estamos prontos para um cessar-fogo com o Paquistão desde que atenda às nossas exigências, que um sistema islâmico seja posto em prática. Eles devem corrigir a sua política externa e parar de concordar com as exigências americanas”, disse Ihsan.
Os militantes acusam o Exército do Paquistão de actuar como “mercenários para a América” e prometem continuar os ataques aos dois principais partidos políticos do Paquistão, que eles acusam de servir os interesses dos EUA.