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Taça de Moçambique: Troféu viaja até à “zona libertada” do Chiveve

O Clube Ferroviário da Beira ergueu o segundo troféu mais importante do país, em noite de gala no Estádio Nacional de Zimpeto. O Clube de Chibuto, do português Victor Pontes, ficou a ver “estrelas” perante a exibição de grande nível dos pupilos do moçambicano Lucas Bararijo.

Foi uma partida que patenteou a humilhação táctica do clube de Chibuto. Quem diria que um treinador moçambicano fosse “ensinar” a um estrangeiro a arte de jogar futebol? Decerto que Victor Pontes assimilou uma lição que jamais irá esquecer de dois moçambicanos que aprenderam o “ABC” deste desporto-rei na Academia Mário Esteves Coluna, na vila da Namaacha.

A turma do Chiveve, que não veio a Maputo para fazer “figura”, mas sim para ganhar como terá prometido antes desta partida Victor Matine, treinador adjunto, entrou com a sua habitual disposição táctica baseada no 4 – 4 – 2, diante de um 4 – 3 – 3 desnorteado e confuso de Victor Pontes.

O Ferroviário da Beira exerceu forte pressão a partir do meio-campo e comportou-se de uma maneira incrível. Atacava sempre pelo centro e procurava descongestionar essa zona explorando as alas, confundido ainda mais o sistema defensivo da turma de Gaza. O Clube de Chibuto, por sua vez, recorria às laterais para impor o seu futebol directo e objectivo.

Dado curioso foi o facto de o Clube de Chibuto criar um vazio entre os intermédios e os avançados, revelando total incapacidade de ganhar as “segundas” bolas quando afastadas da zona de perigo da locomotiva, abrir a possibilidade de os defesas do Ferroviário participarem na construção das jogadas ofensivas, e empurrando os médios defensivos para a zona intermediária. Os “guerreiros” de Gaza defendiam sempre em desequilíbrio.

Aos factos do jogo

Decorrido o primeiro quarto de hora, a turma do Chiveve beneficiou de diversas oportunidades de golo. Mas os sucessivos remates desferidos pelos seus avançados foram devolvidos pelo guarda-redes Zacarias. O lance mais vistoso deu-se aos 14 minutos, quando Reinildo cruzou a bola para a marca de grande penalidade, com Zacarias a recorrer aos punhos para fazer o corte e Mário, na recarga, a desferir um remate que esbarrou no corpo de Duda.

A partir do minuto 28, o Clube de Chibuto deu indicações de estar no Zimpeto para discutir a final. Mas o aparente domínio da equipa de Victor Pontes foi “sol de pouca dura” em virtude de o Ferroviário da Beira ter recuperado o controlo do meio-campo. Aos “guerreiros” nada mais restou senão continuarem a praticar o seu futebol directo.

Nesta altura, Lalá, descaído no flanco esquerdo, mudou de direcção para o centro e, à entrada da grande área, rematou ao lado da baliza de Willard. Foi o único lance vistoso do Clube de Chibuto nesta etapa do jogo. Numa outra ocasião, Johane, após tirar dois adversários do caminho, rematou contra o corpo de Cufa que caiu estatelado sobre o relvado. A quatro minutos do intervalo, o comboio voltou a apitar e a anunciar mais uma jogada ofensiva de “Mário e amigos”. Depois de uma bela combinação com o seu companheiro de equipa, Nelito rematou por cima do travessão de Zacarias.

“Acabou o debate. Nós, do Chiveve, somos os melhores”, Mário

Ao contrário do que aconteceu na primeira parte, o Chibuto voltou diferente na etapa complementar. Com a entrada de Jitinho para o lugar de Mambucho, os “guerreiros” de Gaza souberam disputar o meio-campo de igual para igual. Graças àquele médio, Johane teve duas aparições que, mesmo assim, não alteraram nada no marcador.

Preocupado com a postura da equipa adversária, Lucas Barrarijo decidiu pôr em prática o plano B. Fez descer Mário para auxiliar os companheiros na luta pelo meio-campo, soltando Nelito como o homem mais avançado da turma locomotiva. Foi com base nesta filosofia que surgiu o médio Carlitos a fazer um passe de “morte” para Timbe que viu o seu remate ser devolvido pelo poste.

Cinco minutos mais tarde, o Ferroviário chegou finalmente ao golo. Carlitos fez um passe a Maninho que do lado direito cruzou fortemente para o interior da grande, tendo o central gazense, Bush, se precipitado no lance e desviado o esférico para o fundo da própria baliza.

Com o golo, a turma locomotiva ficou ainda mais galvanizada mas foi o Chibuto que esteve perto do empate. Willard defendeu um portentoso remate de Jitinho. No minuto 76, o Ferroviário da Beira não soube aproveitar da melhor forma o desequilíbrio defensivo do adversário e, mais uma vez, Zacarias foi chamado a evitar o golo de Maninho.

A dez minutos dos 90 surgiu o “K.O” que trucidou o Chibuto. Numa jogada iniciada da zona defensiva por Caló, tendo o esférico passado por Timbe até chegar a Carlitos, Edson cruzou para o interior da grande área de onde surgiu Mário a rematar de primeira para o fundo das malhas. Um golo fenomenal e de outro nível que merece estar na lista dos golos do ano da “Gala 2014/2015 da FIFA”.

Aquele goleador, durante os festejos, gesticulou tentando transmitir a seguinte mensagem: “Acabou o debate. Nós, do Chiveve, somos os melhores”. Sem mais incidências dignas de registo, o árbitro da partida deu por encerrada a partida e o Ferroviário da Beira conquistou a edição 2013 da Taça de Moçambique. A equipa do Chiveve vai representar o país na Taça CAF.

David Nhassengo

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