Largas zonas do Sul de Moçambique estão em vias de perder a sua capacidade produtiva devido ao agravamento das mudanças climáticas que têm resultado em chuvas abundantes, secas prolongadas e ciclones.
É por esta razão que a província meridional de Gaza espera nos próximos anos perder as suas colheitas até 75% da área trabalhada, segundo dados do Ministério da Agricultura, contidos no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA) em implementação até 2020.
Inhambane, Gaza e Maputo produzem geralmente em regime de sequeiro devido à falta de chuvas e do sistema de irrigação, de acordo igualmente com aquele departamento governamental, apontando o milho, mandioca e diversos tipos de feijões como as culturas mais praticadas e em risco de desaparecer no Sul do país.
No geral, a agricultura que se pratica no país está sujeita a “grandes variações climáticas ao longo do ano”, contribuindo para a prevalência da insegurança alimentar e nutricional.
Estimativas do Ministério da Agricultura apontam que cerca de 3,9 milhões de hectares têm sido ocupados anualmente por várias culturas agrícolas, maior parte da área a ser ocupada por produtores do sector familiar que ocupam propriedades com menos de três hectares por cada agregado, situação que constitui “limitante natural à quantidade de alimentos que pode ser produzida para auto-consumo e para venda”.
O documento do Ministério da Agricultura realça que o sector agrário moçambicano tem uma das mais baixas taxas de produtividade a nível da África Austral devido ao facto dos agricultores locais terem fracos conhecimentos de técnicas de produção melhoradas e práticas comerciais avançadas.
Refira-se, entretanto, que o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário está a ser implementado com apoio do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em termos de financiamento.