Passados mais de dois meses Electricidade de Moçambique (EDM) ainda não conseguiu efectuar a reparação do transformador da subestação da Matola, além disso a empresa estatal não conseguiu em mais de dez meses repor as torres de energia de alta tensão que foram danificadas pelas cheias no distrito de Mocuba, na província da Zambézia.
Na época chuvosa passada, que terminou em Março, dez torres de alta tensão da linha Centro-Norte de energia eléctrica ficaram danificadas, na sequência das inundações do rio Licungo, deixando as províncias da Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa sem energia entre os dias 12 de Janeiro e 9 de Fevereiro.
Como solução provisória a empresa que detém o monopólio do fornecimento de energia eléctrica em Moçambique decidiu construir uma linha alternativa que, ao invés de dez orres metálicas, ficou suportada várias dezenas de pórticos de madeira.
Em Setembro e EDM tornou público que a reposição definitiva da linha iria enfim iniciar, com o acréscimo no troço de mais duas torres metálicas, num investimento orçado em 173.8 milhões de Meticais. Entretanto a nova época chuvosa já começou, há previsão de ocorrência de cheias novamente na região do rio Licungo, e a Electricidade de Moçambique não concluiu as obras de reposição definitiva da linha.
Relativamente ao transformador da subestação da Matola, danificado a 30 de Setembro, a empresa estatal tornou público, em comunicado de imprensa, que o equipamento que estava a ser reparado por uma empresa sub-contratada e “que se esperava que entrasse em serviço em finais do corrente mês de Novembro, não passou nos testes de aptidão”.
A julgar pelas entrelinhas do comunicado que estamos a citar o problema não ficará resolvido este ano, pois a empresa de electricidade afirma que “está a envidar todos os esforços no sentido de, através de outras fontes alternativas, assegurar o fornecimento de energia eléctrica a todos os seus clientes na Região Sul do País, incluindo o período da Quadra Festiva que se avizinha”.
É importante recordar que um estudo do Centro de Integridade Pública (CIP) de 2014 concluiu que a EDM “deixou de prestar serviços que lhe competem, e passou a funcionar como uma rede ou agência de concessão de empreitadas, que servem os interesses da elite política (do partido Frelimo). Exemplo disso são os simples trabalhos de substituição de cabos eléctricos e electrificação cedidos a empresas de antigos dirigentes e desta forma despendendo mais dinheiro desnecessariamente”.