A polícia somali anunciou no passado sábado (11) haver morto na capital do país o líder da Al Qaeda mais procurado na África, Fazul Abdullah Mohammed, numa operação que aconteceu na última terça-feira. Mohammed era considerado o chefe da Al Qaeda no leste da África, atuava na Somália e escapou à captura por mais de uma década, depois de ser acusado de ter tido papel de destaque nos atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos em Nairóbi, no Quênia, e em Dar es Salaam, na Tanzânia, em 1998, nos quais foram mortas 240 pessoas.
A polícia disse ter atirado contra Mohammed em um posto de controle em Mogadíscio, depois de uma troca de tiros à meia-noite de terça-feira. Acredita-se que Mohammed estivesse escondido no caótico país na maior parte dos últimos dez anos. Também conhecido como Harun e pelo menos outros 18 nomes falsos, ele era um especialista em computação e talentoso com idiomas.
O governo dos EUA afirma que vários membros da Al Qaeda envolvidos nos atentados às embaixadas procuraram refúgio no sul da Somália, a parte mais violenta do país. A Somália está sem um governo central eficaz desde a derrubada do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991. “Temos confirmado que ele foi morto pela nossa polícia em um posto de controle nesta semana”, disse à Reuters Halima Aden, da força de segurança nacional. “Ele tinha um passaporte falso da África do Sul e, é claro, outros documentos. Após investigação, nós confirmamos que era ele.”
Os Estados Unidos ofereciam recompensa de 5 milhões de dólares por informações que levassem à captura dele. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse a jornalistas: “A morte de Harun Fazul é um golpe significativo para a Al Qaeda, seus aliados extremistas e suas operações no leste da África.” “É um fim justo para um terrorista que trouxe tanta morte e dor para tantos inocentes em Nairóbi, Dar es Salaam e outros lugares – tanzanianos, quenianos, somalis e nossos funcionários nas embaixadas”, disse ela durante uma visita a Dar es Salaam, na Tanzânia. Autoridades dos EUA dizem que Mohammed, que estaria na casa dos 35 anos, também planejou um ataque contra um hotel de propriedade israelense na costa do Quênia, em novembro de 2002, no qual morreram 15 pessoas.
CAMINHO ERRADO
Às vezes, segundo fontes somalis, Mohammed se escondia entre comunidades minoritárias, racialmente mistas, que ocupam vilarejos ao longo da costa entre Mogadíscio e a fronteira do Quênia, onde seu tipo físico, de comorense, se assemelhava ao dos povos miscigenados Benadir e Bajun, que têm ancestrais somalis, árabes, persas, portugueses e malaios. Essas informações combinam com o conhecido método de Mohammed de se “se esconder à vista de todos”.
Passando-se por um pregador islâmico itinerante, ele se estabeleceu em 2002 no vilarejo queniano de Siyu, costeiro e isolado, perto do sul da Somália, sem ser notado durante meses antes do atentado contra o hotel. Logo depois, se embrenhou pelo sul da Somália. Moradores dizem que todas as manhãs ele fazia exercícios em uma praia perto de Gendershe, antes de partir para morar ao sul de Mogadiscío. Nos últimos anos acredita-se que ele estava sob proteção de combatentes do movimento islâmico Al Shabaab no interior.
Segundo a polícia somali, na terça-feira Mohammed talvez pretendesse pegar uma estrada que conduz a uma base do Al Shabaab, mas errou o caminho e parou no posto de controle — o mais ao sul sob controle do governo, antes da entrada no território dominado pelo grupo — pensando que era do Al Shabaab. Quando percebeu que estava no lugar errado, abriu fogo contra a polícia, que respondeu. “Nós tínhamos suas fotos e, portanto, comparamos com o seu rosto. Ele levava milhares de dólares, um laptot e uma metralhadora AK-47 modificada”, disse o policial.