Membros da sociedade civil na região norte do país pedem a introdução do modelo pré-primário no sistema de ensino para a concretização dos mecanismos tendentes à melhoria da qualidade do ensino, cujo tema tem sido alvo de debate em diversas sessões.
Esta medida é tida, pela sociedade civil, como sendo primordial e deve ser acompanhada por um ensino rigoroso, visto que existem alunos que frequentam a oitava classe sem saber escrever nem ler.
A iniciativa está já a ser implementada por algumas Organizações Não Governamentais. Por exemplo, Aga-Khan, em Cabo Delgado, e Save the Children, na província de Nampula, têm escolinhas instaladas ao nível das comunidades, cujo sucesso é uma realidade.
Neste propósito, as organizações supracitadas realizam acções permanentes por forma a dotar os voluntários comunitários de capacidade de mobilização e retenção da criança na escola, além de fornecer incentivos aos alunos e aos próprios voluntários.
O encontro de auscultação dos representantes da sociedade civil teve lugar anteontem na cidade de Nampula e foi promovido pelo Ministério da Educação com objectivo de colher sensibilidades junto dos parceiros de cooperação sobre as estratégias concernentes ao incremento da qualidade do ensino, participação e retenção da criança no ensino e aprendizagem.
O director nacional do ensino secundário geral, Ivaldo Quincardete aplaudiu a iniciativa da sociedade civil e revelou que estão a ser desenvolvidos trabalhos, em estreita colaboração com os Ministérios da Mulher e Acção Social e da Saúde, no sentido de se incluir o ensino pré-escolar.
Nós vamos colaborar com as organizações Aga-khan e Save the Children, que já iniciaram actividades nesse sentido. E acreditamos, também, que a experiência das instituições mencionadas poderá ajudar-nos na materialização dos objectivos. Afirmou Quincardete.
Por outro lado, aquele dirigente referiu ser imperiosa uma capacitação constante dirigida aos gestores das escolas para que estejam habilitadas a implementar o modelo pré-escolar, que exige uma nova dinâmica e muito empenho para a consecução das metas que serão delineadas.
De acordo com os resultados de um estudo feito e que a nossa reportagem teve acesso, estima-se que cerca de 250 a 350 mil, até mais, crianças com idade escolar não frequentam o ensino primário. As reais causas do fenómeno são atribuídas a determinados pais, sobretudo nas zonas rurais, que barram o acesso dos seus filhos à educação, sob a alegação de não terem idade requerida no sitema nacional de ensino.
Outra questão que se relaciona à não participação e retenção da criança deriva da vulnerabilidade económica, em que se destacam os menores órfãos. Por outro lado, o Ministério da Educação propôs a introdução do processo de exames de admissão para garantir o ingresso de estudantes na oitava classe.
A medida tem em vista fazer a selecção dos melhores estudantes, isto é com o mínimo de conhecimento para continuar o ensino secundário. A proposta foi rejeitada por unanimidade sob a justificação de a criança que acaba de transitar da 7ª classe não poderá, após a realização dos exames finais, estar suficioentemente preparada para submeter-se a mais um processo de examinação.
Importa referir que encontros de género foram realizados nas cidades de Chimoio para a região centro e Xai-Xai para o sul do país.
Este processo vai culminar com a criação de propostas para elaboração do Plano Estratégico da Educação (PEE 2012-2016), em Agosto próximo, aquando da realização do Conselho Coordenador do sector na província do Niassa e será, depois, submetido ao Conselho de Ministros para a devida aprovação.