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Sobreviventes e libertadores recordam o aniversário de Auschwitz

Sobreviventes de Auschwitz, veteranos do exército soviético e dirigentes políticos como o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu participaram na quarta-feira nos eventos de comemoração da libertação deste campo de concentração e extermínio nazista há 65 anos.

Os actos comemorativos tiveram início com o soar das sirenes no ex-campo de Auschwitz-Birkenau, instalado pelas tropas de ocupação nazista no sul de Cracóvia. Cerca de 700 pessoas se reuniram no local em cerimónia organizada pelo Congresso Judeu Europeu. O presidente Barack Obama, em uma mensagem em vídeo enviada pela ocasião, pediu resistência frente ao antissemitismo e a ignorância.

 

“As actuais gerações devem resistir frente ao antissemitismo e a ignorância sob todas as suas formas e se negar a ser testemunha do mal cada vez que este mostrar seu rosto ignominioso, onde quer que seja”, afirma o presidente. “Temos o dever sagrado de recordar a crueldade que imperou neste lugar”, afirma em sua mensagem de vídeo exibida ante 700 participantes em uma conferência organizada pelo Congresso Judeu antes das cerimônias pelo aniversário da libertação do campo.

“Temos o dever sagrado de recordar a maneira distorcida de pensar que conduziu a isso, a maneira com que um grande país de cultura e ciência sucumbiu aos piores instintos do ser humano e racionalizou o assassinato em massa”, acrescenta Obama. “A tragédia do povo judeu consistiu em ter sido incapazes de identificar o perigo a tempo e de se defender”, declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em sua chegada a Cracóvia.

“O Holocausto é a tragédia que une a Europa”, afirmou, por sua vez, o líder do Congresso Judeu Europeu, Moshe Kantor. Na véspera, Netanyahu prestou uma homenagem às vítimas do Holocausto durante uma cerimônia organizada em Varsóvia, quando se inclinou diante do imponente monumento de mármore cinza do “Umschalgplatz”, no centro da capital polonesa, no pé do qual depositou uma coroa de flores decorada com uma faixa azul e branca, as cores da bandeira de Israel.

“Neste lugar, a partir do qual centenas de milhares de judeus foram enviados a campos da morte e onde vemos hoje os Justos entre as nações, nos deparamos ao mesmo tempo com o pior mal e a maior coragem de toda a história da humanidade”, discursou Netanyahu. Foi neste lugar que em 1942, os ocupantes alemães nazistas de Varsóvia enviaram de trem mais de 300 mil judeus para o campo de extermínio de Treblinka, cerca de 100 km ao nordeste da capital polonesa.

O presidente de Israel, Shimon Peres, por sua vez, pediu nesta quarta-feira que todos os que participaram no Holocausto sejam processados, em um vibrante discurso em hebreu ante o Parlamento de Berlim, no qual mencionou seu avó queimado vivo pelos nazistas junto com toda a comunidade judia em sua aldeia numa sinagoga na atual Belarrus. Prêmio Nobel da Paz em 1994, Peres discursou em hebreu por ocasião do Dia Internacional de Comemoração das Vítimas do Holocausto, ao recordar sua infância e principalmente seu avó queimado vivo pelos nazistas junto com toda a comunidade judia em sua aldeia numa sinagoga na atual Belarrus.

“Os sobreviventes do Holocausto desapareceram progressivamente do mundo dos vivos e, ao mesmo tempo, homens e mulheres que participaram na pior das açoes sobre a Terra – o genocídio – continuam vivendo na Alemanha e na Europa, assim como em outras partes do mundo. Eu lhes peço, por favor, que façam todo o possivel para levá-los ante a justiça”, afirmou ao lado de seu colega alemão Horst Köhler e da chanceler Angela Merkel, durante a comemoração pelo 65º aniversário da libertação do campo de extermínio nazista de Auschwitz.

Também nesta quarta, Papa Bento XVI denunciou a crueldade inacreditável dos campos de extermínio da Alemanha nazista em seu discurso durante a audiência-geral desta quarta-feira. “A libertação de Auschwitz e os testemunhos dos sobreviventes revelaram o horror dos crimes de uma crueldade inaudita cometidos nos campos de extermínio criados pela Alemanha nazista”, declarou o Papa dirigindo-se aos peregrinos alemães presentes. Falando em seu idioma materno, o Papa afirmou que “o horror nazista recorda o respeito pela vida”. O Sumo Pontífice revelou que o “Dia da Memória”, celebrado nesta quarta, é dedicado a “todas as vítimas desses crimes, especialmente o da aniquilação planejada dos judeus”, e prestou homenagem a “quem, colocando em perigo sua própria vida, protegeu os que eram perseguidos”.

“Com emoção, pensamos nas inúmeras vítimas de um ódio racial e religioso cego, que sofreram a deportação, a prisão, a morte nesses lugares aberrantes e desumanos”, afirmou. “Esses fatos, em particular o drama do Holocausto, que atingiu o povo judeu, incitam a um respeito cada vez mais decidido pela dignidade de toda pessoa, para que os homens se percebam como uma única grande família”.

Mais de 1,1 milhão de homens, mulheres e crianças, entre os quais um milhão de judeus em toda a Europa, morreram no campo de Auschwitz, instalado em 1940 na Polônia ocupada e libertado em 27 de janeiro de 1945 pelo exército soviético. O dia de hoje foi designado o Dia Internacional de Comemoração das Vítimas do Holocausto pelas Nações Unidas em 2005.

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