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Banqueiros contra-atacam em Davos para evitar maior regulação

Como era esperado, os banqueiros contra-atacaram esta quarta-feira na abertura do Fórum Económico Mundial (WEF) de Davos para travar a ofensiva política que tende a controlar mais o sector; asseguraram que limitar o tamanho e as actividades dos bancos não é a melhor resposta para evitar outra crise financeira.

“Não vi qualquer tipo de evidência sugerindo que diminuir o tamanho dos bancos, tornando-os menor, seja a resposta” para evitar uma nova crise, disse o presidente do banco britânico Barclays, Robert Diamond Junior, num debate sobre riscos financeiros na quarta-feira de manhã em Davos. Na mesma sintonia, o presidente do banco norte-americano JP Morgan Chase International, Jacob Frenkel, afirmou que “a profunda recessão pela qual passamos consituti um terreno fértil para decisões políticas pontencialmente ruins”.

O presidente americano Barack Obama anunciou na semana passada a intenção de limitar o tamanho dos bancos e proibir que os estabelecimentos dedicados aos depósitos e poupanças especulem nos mercados por conta própria, com o objectivo de evitar riscos excessivos deste sector assinalado como um dos grandes responsáveis pela crise mundial. A questão se converteu em um dos grandes pontos de debate de Davos, onde líderes políticos e empresários batalham para impor sua posição. Segundo um estudo publicado na terça-feira pela PriceWaterHouseCoopers, os responsáveis pelas grandes corporações estão mais preocupados com um possível excesso de regulação de seus negócios.

Para o presidente da Barclays, uma redução do tamanho dos bancos teria um impacto “muito negativo” sobre a economia e o emprego. “Os bancos são grandes porque seguiram seus clientes e os mercados”, acrescentou. “Houve uma regulação e uma administração (dos bancos) ineficaz, particularmente na gestão de risco”, disse Robert Diamond Junior, ao se referir a época anterior à crise. Para Jacob Frenkel, os projectos de reforma do sector financeiro escondem “o perigo de um intervencionismo excessivo, de um proteccionismo”. O presidente da companhia de seguros Lloyd’s, Peter Levene, teve um discurso parecido. Ele disse que é necessária uma “boa regulação, uma melhor regulação, mas não uma maior regulação”.

Presente em um dos debates de abertura do Fórum, o espanhol Jaime Caruana, diretor do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), disse que os Estados e os reguladores não poderiam solucionar sozinhos os problemas do sector financeiro. “É necessário entender os limites da regulação. O sector privado tem muito o que fazer, a cooperação internacional deve ser reforçada”, falou. Favorável a um maior controle, o ex-governador do Banco Central mexicano, Guillermo Ortiz, citou o exemplo da resistência das economias latino-americanas durante a crise mundial, explicando que a região aprendeu as lições do passado e optou por uma regulação mais forte.

“Se pegar como exemplo qualquer mercado emergente que passou por uma crise financeira nos anos 80 ou 90, e houve muitos deles – México, países da Ásia, Rússia, Brasil e Argentina -, nenhuma dessas nações sofreu esta crise financeira com a mesma força” que os países desenvolvidos, disse Ortiz. “Todos os mercados emergentes foram capazes de resistir. Isso sugere que devemos aprender com nossos erros. No caso dos mercados emergentes, a forte regulação foi aplicada para evitar este tipo de problemas que levaram a uma crise”, acrescentou. A opinião compartilhada pelo vice-governador do Banco Central da China, Zhu Min, para quem o sector financeiro “merece maior regulação” após a crise.

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