A Síria enfrentou, Quinta-feira, uma pressão generalizada na ONU para conter a violência, uma vez que todo o Conselho de Segurança, inclusive China e Rússia, manifestou aval ao prazo estabelecido pelo enviado internacional Kofi Annan para a suspensão dos combates.
Falando por tele-conferência de Genebra, Annan disse aos 193 países da Assembleia Geral da ONU que havia pedido “ao governo e aos comandantes da oposição que emitissem instruções claras para que a mensagem chegue a todo o país, até ao soldado e ao combatente em nível local”, até o dia 12 de Abril, às 6h.
“Devemos silenciar os tanques, helicópteros, morteiros e canhões, e parar todas outras formas de violência também, abusos sexuais, torturas, execuções, sequestros, destruição de lares, deslocações forçadas e outros abusos, inclusive contra crianças”, afirmou.
Mas o embaixador sírio na ONU, Bashar Ja’afari, sinalizou que há uma possível lacuna no plano de Annan, por não prever a retirada das forças policiais dos centros urbanos.
O plano de Annan prevê a desmilitarização das zonas urbanas até o dia 10 de Abril, mas Ja’afari disse que isso não inclui a retirada dos policiais, uma vez que “a mobilização da polícia é para proteger os civis”.
Os activistas de oposição dizem que o Exército e a polícia são responsáveis pela morte de milhares de civis ao longo de mais de um ano de repressão a manifestações pró-democracia.
Annan falou à Assembleia Geral depois de os 15 países do Conselho aprovarem por unanimidade o prazo previsto no plano de paz e aceite pelos sírios.
A “declaração presidencial” do Conselho alerta Damasco para “novas medidas” caso a data do cessar-fogo não seja respeitada.
A decisão do Conselho mostra que o governo de Bashar al Assad está cada vez mais isolado, depois de contar nos últimos meses com a ajuda da China e da Rússia para evitar uma resolução da ONU que pudesse abrir caminho para uma intervenção militar.
Uma versão inicial do texto dizia que o Conselho “exige” a adesão síria ao plano, mas a versão final aprovada usa o termo “solicita”.
Os diplomatas disseram que o texto foi atenuado para assegurar a aprovação da China e da Rússia. Além de prever que o governo retire as suas forças dos centros urbanos e pare de usar armas pesadas até 10 de Abril, a declaração incorpora um segundo prazo, 48 horas depois, que afecta também a oposição.
Além da trégua a 12 de Abril, o plano de Annan prevê o início dum diálogo entre o governo e a oposição acerca duma “transição política” para o país.
Os governos ocidentais demonstram cepticismo com o aval de Assad à proposta, lembrando que ele já desrespeitou os compromissos anteriores de parar com a violência.
O Conselho também solicitou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que apresente propostas para o envio duma missão internacional que irá monitorar o cessar-fogo na Síria.
Cumprindo a recomendação de Annan, o departamento de missões de paz da ONU prepara o envio de 200 a 250 observadores desarmados, mas isso ainda exige a aprovação do Conselho de Segurança da ONU numa resolução específica.