Deposto por um golpe militar em 1999, preso e exilado, Nawaz Sharif protagonizou um retorno triunfal nas eleições do Paquistão e deve formar um governo estável, capaz de implementar as reformas necessárias para resgatar a economia frágil.
Sharif pode não ter cadeiras suficientes para governar sem apoio, mas ganhou grande impulso, que deve evitar a necessidade de formar uma coalizão com seus principais rivais, o ex-jogador de críquete Imran Khan do partido Tehrik-i-Insaf (PTI) e o Partido Popular do Paquistão (PPP).
O magnata do aço enfrentou o desafio de Khan, que tinha a esperança de quebrar décadas de domínio da Liga Muçulmana do Paquistão de Sharif (PML-N) e do PPP, liderado pela família Bhutto. Os dois partidos formaram governos sempre que os militares, a força mais poderosa da nação com armas nucleares, permitiu um governo civil.
Khan fez forte campanha e é provável que continue a ser uma força na política, possivelmente tornando-se a principal figura da oposição. O PPP, que governou nos últimos cinco anos, não se saiu bem e deverá ocupar o terceiro lugar.
Os canais de televisão informaram que segundo os resultados divulgados ao meio-dia de domingo, o PML-N de Sharif tinha conseguido 94 dos 272 assentos da Assembleia Nacional. De acordo com as estimativas, é provável que consiga 130 cadeiras, facilitando atingir a maioria necessária de 137, com o apoio de independentes e pequenos partidos. O PTI obteve 21 assentos, enquanto o PPP ganhou 19.
As eleições, realizadas no sábado, foram marcadas por uma campanha de fundamentalistas islâmicos que tentaram impedir a votação. Apesar da violência pré-votação e ataques que mataram ao menos 40 pessoas, o número de eleitores que compareceram às urnas chegou a 60 por cento. Uma vez conquistada a maioria dos votos, será alocada ao partido de Sharif a maioria dos outros 70 assentos parlamentares que são reservados para as mulheres e minorias não-muçulmanas.
Sharif tem esperado pacientemente para governar o Paquistão novamente. Como o principal líder da oposição, ele evitou minar o PPP quando estava em apuros, e os analistas o descrevem como mais cauteloso do que quando foi primeiro-ministro por duas vezes na década de 1990.
“Aparentemente, um homem realmente diferente daquele dos incidentes preocupantes como primeiro-ministro na década de 90, Sharif agora parece ter tanto um mandato genuíno, bem como a compreensão do caminho que o Paquistão precisa tomar”, disse o analista político Cyril Almeida.
Sharif, que defende a economia de livre mercado, deve buscar a privatização e a desregulamentação para retomar o crescimento. Ele disse que o Paquistão deve se erguer com as próprias forças, mas pode precisar de um novo resgate do Fundo Monetário Internacional.