Setenta mil (70.000) mulheres grávidas e infectadas pelo Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV) em Moçambique estão em tratamento de Prevenção de Transmissão Vertical (PTV), em diversas unidades sanitárias, com o propósito de reduzir o índice de contaminação da mãe para o filho durante a gestação, nascimento e na fase da amamentação, uma vez que cerca de 40% de crianças nascem contaminadas devido à falta deste tipo terapia.
Nídia Abdul, que em todo o território nacional responde pela área de PTV no Ministério da Saúde, disse ao @Verdade que o avanço da ciência cria desafios acrescidos para o Governo, dentre eles a aquisição e alocação de equipamentos laboratoriais e recursos humanos qualificados no sentido de se implementar, com eficácia, as novas linhas de tratamento de PTV, nomeadamente as linhas de opção A, B e B plus.
A nossa interlocutora explicou que o país encontra-se num processo de eliminação da transmissão vertical do vírus da SIDA. Esta medida foi assumida junto da comunidade internacional e deve ser posta em prática e concretizada entre 2012-2015, através da adopção das novas opções terapêuticas que permitam prevenir e controlar os actuais 40% de contaminação para menos de 2%.
Para que o plano tenha êxito há necessidade de mobilização e do envolvimento das mães e da comunidade no geral, visto que a adesão e retenção da mulher a esse serviço ainda continua aquém do esperado.
A grande luta do sector da Saúde no país, de acordo com Nídia Abdul, está centrada na remoção de barreiras no combate à doença. A esse respeito, os resultados até aqui obtidos permitiram que se alargasse o número de unidades sanitárias que forneciam o tratamento. De oito hospitais que haviam em 2002, na fase piloto, passou-se para 1.060 unidades.
Neste momento há 70% de mulheres atendidas em PTV, o remanescente não é abrangido por causa do estigma e da descriminação na comunidade, problemas culturais, dentre outros males que impede que se alcance a todas mulheres grávidas seropositivas. Entretanto, o universo abrangido pelo PTV significa para o Ministério da Saúde um ganho e crescimento para as mulheres que aderem ao tratamento.
Para contrariar o percurso de longas distâncias pelas mulheres de modo a aceder a uma unidade hospitalar está-se formar grupos de mulheres infectada e não infectada nas comunidades para campanhas de sensibilização e busca das razões que levam as mães a desistirem de ir a hospital dar seguimento ao PTV.
Sem avançar números, aquela responsável disse ainda que a região Sul de Moçambique é que apresenta maior número de mulheres seropositivas e em tratamento de PTV. A situação deve-se à extrema vulnerabilidade da mulher, existência de fronteiras que propiciam a transacção sexual com os emigrantes para as minas da África do Sul, promiscuidade heterossexual, dentre outros problemas.
