Sérvios étnicos do norte do Kosovo disseram, esta sexta-feira, que montaram um bloqueio contra as tropas da NATO, que assumiram postos de controle na fronteira com a Sérvia, esta semana. A presença da NATO tinha como objetivo intervir na violência decorrente de uma disputa alfandegária com Belgrado.
A NATO disse estar a negociar com os sérvios pela retirada dos bloqueios nas ruas, enquanto tenta amenizar as tensões geradas entre Kosovo, onde 90 por cento da população é de etnia albanesa, e a Sérvia, que se recusa a reconhecer a independência de sua ex-província.
O conflito irrompeu quando Kosovo enviou na segunda-feira unidades de polícia especiais, de etnia albanesa, aos postos fronteiriços, onde a maioria era de etnia sérvia, para garantir o bloqueio contra as importações sérvias. O Kosovo impôs a proibição em resposta ao bloqueio de Belgrado contra exportações kosovares em uma disputa sobre regulamentos alfandegários.
A NATO enviou forças de paz para apaziguar os três dias de violência na região norte do Kosovo, onde a maioria da população é de etnia sérvia e onde um policial albanês foi morto a tiros, enquanto sérvios nacionalistas incendiaram uma das travessias de fronteira no norte do país.
Um líder sérvio acusou a NATO na sexta-feira de favorecer a capital de Kosovo, Pristina, na disputa. “Não permitiremos que a Otan traga policiais kosovares (albaneses) à fronteira, mas protegeremos-nos de forma pacífica”, disse Krstimir Pantic, prefeito de Mitrovica, cidade no norte de Kosovo dominada por sérvios.
A Sérvia perdeu o controle de Kosovo em 1999, quando a Otan iniciou uma campanha de bombardeios de 78 dias para por fim à repressão e à limpeza étnica conduzida pelo líder iugoslavo Slobodan Milosevic contra rebeldes albaneses.
Kosovo declarou independência em 2008 em uma medida que não foi reconhecida pela Sérvia, e 60 mil sérvios que vivem no norte de Kosovo ainda consideram Belgrado como a sua capital. Outros 40 mil sérvios vivem em enclaves espalhadas por Kosovo.