Serra Leoa iniciou um confinamento de três dias da população nas suas casas em todo o país nesta sexta-feira, num esforço para evitar a difusão do vírus do Ébola, e o presidente Bai Koroma fez um chamado aos moradores para que obedeçam as medidas de emergência.
As ruas da capital, Freetown, estavam desertas, mas repletas de veículos com policiais e funcionários do setor de saúde. Estações de rádio divulgaram jingles para conscientização da doença e encorajaram residentes a permanecerem em suas casas.
“Hoje a vida de todos está em jogo, mas vamos superar esta dificuldade se todos fizermos o que nos for pedido”, disse Koroma em um discurso televisionado na quinta-feira. “Estes são tempos extraordinários, e tempos extraordinários exigem medidas extraordinárias.”
O Ébola infectou cerca de 5.300 pessoas no leste da África neste ano, matando 2.630 delas, na pior epidemia desse vírus registrada até agora. Pelo menos 562 pessoas morreram em Serra Leoa e quase 30 mil trabalhadores de saúde, voluntários e professores buscarão visitar cada casa no país de 6 milhões de pessoas em apenas três dias para informar o smoradores e isolar os doentes.
Mas as equipes tiveram um lento começo nesta sexta-feira. Voluntários do Centro de Saúde de Murray Town, na capital, disseram que ainda não receberam seus kits, contendo sabão, adesivos e folhetos informativos. “Isso significa que vamos ficar abaixo de nossa meta para hoje, e teremos que trabalhar além das 18h (horário local) para conseguirmos isso”, disse um dos voluntários.
Há questionamentos sobre a eficácia da campanha de Serra Leoa. “Os preços dos alimentos subiram 30 por cento. Muitas casas não que não puderam comprar (alimentos) estão passando fome”, disse Ahmed Nanoh, secretário-executivo da câmara de agricultura do país. Trabalhadores do setor de saúde que buscam conter o surto de Ébola são frequentemente encarados com desconfiança pelas comunidades locais.
Numa trágica ilustração do medo nacional, uma equipe de oito pessoas que dava orientações a moradores sobre os riscos na vizinha Guiné foi morta e os seus corpos atirados numa latrina de um vilarejo.
Um representante da agência da ONU para crianças, a Unicef, Roeland Monasch disse que a campanha “Ose to Ose”, que significa “casa a casa” do dialeto local (krio), ajudaria. “Se as pessoas não tiverem acesso à informação correta, precisamos levar mensagens que salvarão vidas, onde eles moram, em suas soleiras”, disse ele.