Os separatistas pró-Rússia reforçaram, esta quarta-feira (9), as barricadas ao redor do prédio do sector de segurança do Estado em Luhansk, no leste da Ucrânia, e pediram ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin, depois de o governo ucraniano ter alertado que pode usar a força para restaurar a ordem.
Os manifestantes também estavam envolvidos em negociações para diminuir o impasse, que o governo interino em Kiev disse que poderia servir de pretexto para uma invasão russa, enquanto os parlamentares do leste da Ucrânia propunham uma amnistia para os manifestantes para acalmar a tensão.
A antiga sede da KGB, agência secreta da ex-União Soviética, é um dos três prédios do governo tomados nesta semana no leste da Ucrânia por manifestantes que exigem a realização de referendos regionais sobre a sua independência de Kiev.
As tensões aumentaram nas regiões onde a maioria da população fala a língua russa, no leste da Ucrânia, depois da derrubada do presidente ucraniano, que era apoiado por Moscou, e da instalação em Kiev de um governo pró-europeu.
“É claro que temos de pedir que a Rússia nos incorpore, porque eu não vejo uma alternativa”, disse um homem vestido em uniforme de camuflagem que se identificou como Vasiliy e afirmou ser o comandante do edifício. “Putin, ajude-nos!”, afirmou.
Numa entrevista colectiva realizada no interior do edifício ocupado na noite desta quarta-feira, Valery Bolikov, que disse ser um representante das sedes do Exército do Sul e do Extremo Leste, declarou que as negociações com as autoridades não conseguiram ainda levar a um acordo.
“As negociações continuam, há algumas questões que estão a ser tratadas, mas ainda não se chegou à conclusão lógica”, disse ele no ornamentado salão de conferências dos Serviços de Segurança da Ucrânia.
Embora alguns manifestantes defendam a ideia de união com a Rússia, como ocorreu com a Crimeia, Bolikov disse que as suas demandas não vão além de um referendo para decidir dar a Luhansk mais autonomia como parte de uma estrutura federal, na Ucrânia.
“(Vamos deixar o prédio) depois do cumprimento das nossas exigências de realização de um referendo sobre a federalização”, disse ele. Fora da sala de conferências, homens mascarados armados com fuzis Kalashnikovs, pistolas e armas distribuíam-se pelos corredores do edifício.
As tensões em torno da tomada do edifício aumentaram depois de os manifestantes terem invadido o arsenal do serviço de segurança. Um manifestante estipulou o arsenal como tendo em torno de 200 a 300 fuzis. A porta-voz da polícia local, Tatyana Pogukai, disse que a polícia não iria tomar nenhuma medida enquanto as negociações estiverem em andamento.
“Nós não queremos nenhum tipo de violência. Ninguém precisa de nenhuma morte ou sangue”, disse ela por telefone. Manifestantes em Donetsk, mais para o sul, permanecem no controle do principal edifício da administração regional, mas as autoridades puseram fim à ocupação na cidade de Kharkiv.
“A solução para esta crise será encontrada dentro das próximas 48 horas”, disse a repórteres o ministro do Interior, Arsen Avakov, na capital, Kiev. “Para aqueles que querem o diálogo, propomos conversações e uma solução política. Para a minoria que quer conflito, irão receber uma resposta enérgica das autoridades ucranianas”, disse ele.
O serviço de segurança estatal da Ucrânia informou que 50 pessoas haviam deixado o edifício em Luhansk durante a noite. Os manifestantes confirmaram que algumas pessoas tinham ido embora.