O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira o projeto de lei sobre cobertura de saúde, uma das medidas chave do programa de reformas do presidente Barack Obama, que tem como objetivo tornar mais acessível a assistência médica aos americanos.
O projeto de lei do Senado pretende levar atendimento de saúde para 31 dos 36 milhões de americanos que atualmente não têm acesso a atendimento médico. No total, com o projeto de lei do Senado, 94% dos americanos com menos de 65 anos teriam acesso a esta cobertura. As pessoas mais velhas já possuem um seguro médico federal: o Medicare.
Os senadores aprovaram o texto com 60 votos a favor e 39 contra, sem o apoio de nenhum integrante da oposição republicana. Obama qualificou de momento “histórico” a aprovação pelo Senado do texto da reforma. “Depois da votação histórica que aconteceu esta manhã, os senadores se reunirão com seus colegas da Câmara (de Representantes) para adotar uma reforma do sistema de saúde que deixará sua marca”, afirmou Obama, durante um discurso na Casa Branca.
“Esta lei nos aproxima do fim de uma batalha de mais de um século para reformar o sistema de saúde americano”, completou o presidente. O líder da maioria democrata, Harry Reid, afirmou depois da votação que foi “uma vitória para os americanos”. “Os que têm a sorte de ter cobertura de saúde vão mantê-la, e os que não têm poderão ter uma”, destacou.
A votação colocou um ponto final em vários meses de negociações entre a maioria democrata e a Casa Branca, assim como muitas discussões com a oposição republicana. O texto ainda deve passar por uma comissão de revisão para ser unido ao texto votado na Câmara de Representantes em 7 de novembro. A versão definitiva será enviada ao presidente Obama para promulgação. Os presidentes das duas Casas do Congresso esperam enviar o projeto de lei à Casa Branca antes do discurso sobre o Estado da União, que tradicionalmente acontece na última semana de janeiro. A presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, também comemrou o resultado.
“Em breve teremos um projeto de lei final baseado nos princípios essenciais da cobertura de saúde: preços acessíveis para a classe média, segurança para as pessoas mais velhas, responsabilidade com nossas crianças com a redução do déficit e assumir a responsabilidade do setor de seguros”, indicou. Os 60 senadores da maioria democrata chegaram a um acordo na segunda-feira sobre um texto de compromisso.
No início da semana a previsão era de uma votação na quinta-feira à noite, mas democratas e republicanos chegaram a um acordo para evitar uma sessão em plena noite de Natal. O projeto de lei foi aprovado às 7H15 de Washington. Um sintoma de esgotamento dos congressistas após duas semanas de tensão foi o fato de Harry Reid ter inicialmente dito “não” ao projeto de lei pelo qual tanto lutou, para logo depois consertar a situação e declarar “sim”, o que provocou risadas dos colegas.
A reforma do sistema de saúde, na qual trabalharam vários presidentes desde Theodore Roosevelt (1901-1909) sem conseguir concretizá-la, será uma das maiores conquistas da presidência de Barack Obama. Vicki Kennedy, viúva do senador Ted Kennedy, que foi um dos grandes defensores desta reforma mas faleceu em agosto, assistiu à votação.
O senador Christopher Dodd, que substituiu Edward Kennedy na Comissão da Saúde para concluir as negociações sobre a reforma, homenageou o colega: “Gostaria que Ted Kennedy estivesse aqui para apreciar isto”. “Isto é por meu amigo Ted Kennedy: sim”, afirmou o senador Robert Byrd no momento da votação.