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SELO: Xi Jinping e o sonho chinês – Por Raúl Barata

Xi Jinping, dado como o homem mais poderoso do mundo na actualidade, fez menção ao termo “o sonho chinês”, no seu discurso de abertura do 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, o partido dominante naquele país asiático. No entanto, não ficou claro sobre o real significado do termo, apesar de no contexto actual podermos tirar alguma ilação sobre o que “o sonho chinês” queira dizer.

Já há longos anos a China vem tentando se impor como a maior economia do mundo e esforços para lá chegar vêm se notando. O seu crescimento económico notabilizou-se e a abertura para cooperar com outros povos aumentou. Expandiu o seu mercado e abriu as suas portas aos demais estados-nações que querem criar parcerias com este país, sobretudo aos países africanos, onde a China desde a conferência de Bandung tem sido um dos principais aliados.

No contexto da liderança global, actualmente como a segunda maior economia do mundo, a China tem se posicionado na linha da frente no que tange a tomada de decisão sobre a governação mundial. Este novo posicionamento da China vem acontecendo num contexto em que a governação Trump nos EUA faz precisamente o contrário. Enquanto Xi opta por se abrir economicamente, os EUA optam por se fechar e dar asas ao proteccionismo económico, contrastando pela primeira vez com a orientação dos EUA após a II Guerra Mundial.

Com a saída dos EUA do Acordo de Paris, a China viu a oportunidade para liderar esta causa aumentando a sua influência sobre os outros Estados, não apenas os europeus, que se sentiram abandonados pelo parceiro tradicional, mas sobre os não-europeus. O rompimento de relações dos EUA com a UNESCO pode abrir mais o campo de actuação da China na sua caminhada para liderança mundial, sem deixar de mencionar as tensões militares com a Coreia do Norte e o Irão que certamente ocupam a governação Trump.

Na África, a China continua o maior investidor e um dos principais e maiores parceiros mundiais. Esta ligação maior com os países africanos sempre teve o objectivo de dar mais legitimidade a este país asiático e colher simpatia e apoio a nível internacional e no concerto das nações, mas também com o intuito de contrabalançar a hegemonia americana, sem se esquecer obviamente da exploração dos recursos naturais africanos para capitalizar a economia industrial chinesa. E a corrida pelos recursos naturais tem sido também uma disputa sem tréguas entre a China e EUA como forma de catalisar as suas economias e com isto se manter no topo do poder mundial.

Em Moçambique, a China continua celebrando acordos e a investir em diversas áreas, sobretudo na área das infra-estruturas. Há poucos dias, a China “perdoou” uma dívida de 30 milhões de euros e anunciou a doação de mais 12 milhões de euros. Esta é mais uma estratégia para granjear a simpatia do estado moçambicano para futuras necessidades do estado chinês seja através de exploração de recursos ou no apoio na comunidade internacional, pois uma quantia dessas num contexto de interesses nacionais, não se perdoa como se nada valesse.

A China necessita destas parceiras para se sobrepor aos EUA na sua missão em se tornar na maior potência económica, política e militar do mundo.

O sonho chinês imaginado por Xi Jinping na nossa forma de ver caracteriza-se pela ideia de a China tornar-se no destino dos diferentes povos do mundo, um espaço onde tens a oportunidade de triunfar e ter sucesso, não importando quem sejas ou donde venhas. O sonho chinês seria uma espécie de “paraíso” onde podes alcançar o que pretendes basta que trabalhes para tal. O sonho chinês na visão de Xi Jinping, deve se assemelhar a ideia do “sonho americano” que inclui a chance para ter sucesso e prosperidade numa sociedade onde todos são iguais e desfrutam das mesmas oportunidades sem obstáculos impostos sobretudo pelo Estado ou Governo, apesar de esta forma de ser esteja a ser desviada pela actual governação americana.

No entanto, na visão da liderança do partido comunista, a realização do sonho chinês para os chineses e para o mundo, parte em primeiro lugar por ter o domínio do mundo global em todos os domínios possíveis, sobretudo o económico. Por um lado, a China poderá entrar em choques com outros estados nações e obviamente com os Estados Unidos da América ao optar por este caminho, pois ambos os países têm interesses globais em comum em que só apenas um pode se manter na linha da frente. Por outro, terá aliados, e alguns deles africanos, num continente onde as relações cresceram e ampliaram-se grandemente como resultado dos investimentos sem condicionalismos que caracterizam a orientação da política externa chinesa sobre o continente negro.

Por Raúl Barata

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