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SELO: O diálogo deve partir da base – Por Delfim Anacleto

De há dias para cá a palavra PAZ tornou-se numa canção entoada por todos. Não sei se a mesma é entoada por se perceber o alcance do verdadeiro significado desta palavra ou simplesmente porque é o que está na moda! Mas, mais do que cantar esta canção, há uma necessidade de procurarmos a essência deste termo que muitos o confundem com a sigla ZAP.

Existe uma amálgama de teorizadores que falam sobre a PAZ, mas em tudo o que os mesmos escreveram converge-se na ideia de que ela (a Paz) proporciona um bem-estar público, ou seja, tranquilidade pública. Olhando para este postulado, notamos que a Paz não é uma coisa exclusiva de políticos, governantes ou chefes de certos sectores. É, sim, algo popular, ou seja, do povo.

Preocupa-me ouvir esse povo a suplicar todos os dias por um encontro ao mais alto nível entre as pessoas a quem cabe a missão de criar mecanismos efectivos para essa paz. Dito isto de outra maneira, vozes há que todos os dias e todas as noites clamam por um frente a frente entre o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama.

Mais do que exigir um encontro a este nível convém pensar primeiro que Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama não são os únicos cidadãos deste país. Aliás, eles já se haviam encontrado no passado por mais de uma vez, em encontros cujos frutos até a data de hoje não são conhecidos.

Não se está contra um encontro deste nível, mas acho que é tão prematuro e inoportuno que tal aconteça numa altura em que as emoções tomaram conta a ambos os lados. Um encontro a alto nível neste momento poderá não trazer resultados que ajudem o alcance de uma paz efectiva no país.

Decisões tomadas em momentos de correria não ajudarão em nada nos objectivos pelos quais lutamos. Tendo em conta que a PAZ é algo que se traduz, entre várias coisas, no bem-estar público, é necessário que o diálogo sobre esta questão comece ao nível da base, onde os líderes comunitários ou secretários dos bairro mantêm encontros com os representantes da oposição ao nível daquele escalão; o mesmo exemplo deve ser seguido pelo chefe da localidade, que também irá abordar as lideranças da Renamo no seu nível apropriado para se discutir acerca deste dossier.

Esse processo, que partirá da base, deverá seguir para o nível distrital, provincial até culminar com um encontro entre as lideranças máximas do Governo e do partido Renamo, sem deixar de fora outras esferas da sociedade. Esta via, para além de envolver várias figuras, fará com que entre os moçambicanos de diversas correntes de opiniões haja uma verdadeira reconciliação, o que até hoje não alcançámos.

Um encontro ao mais alto nível servirá apenas para ratificar os consensos alcançado desde a base. Outra questão que pretendo partilhar tem a ver com a forma como o discurso sobre a PAZ é mediatizado. Em relação a este ponto, gostaria de alertar que a PAZ não é uma encenação cinematográfica. É algo real, pelo que devemos deixar de procurar visibilidade nos media e partirmos para acções mais realistas. Não basta apenas que o discurso de PAZ seja única e exclusivamente reservado aos media. Há acções práticas que podem ser feitas com vista a trazer este bem muito almejado em Moçambique.

Por Delfim Anacleto

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