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SELO: Negros: Filhos de Kemet em busca de um lugar construído pelos seus ancestrais – Por Raul Barata

Os 500 anos de colonização e neles os de escravidão, donde o negro foi lhe retirada toda a sua dignidade e tudo o que lhe fazia ser humano, desde a sua terra, a língua, a identidade, a cultura, os hábitos, costumes, educação, seu nome, sua face, etc., não foram suficientes para apagar a sua história e o seu legado neste planeta que ele viu desenvolver.

Entenda-se Kemet como Terra Negra; Antigo Egipto A.C; África; O verdadeiro berço da civilização humana.

Num período não tão distante da história, pelo menos até os anos 60 do século XX, em algumas partes do mundo e sobretudo nos EUA, os negros, ou melhor “niggers”, como eram assim tratados pelos seus amos donos de escravos (igualmente para distingui-los do octoroon, quadroon e/ou mulato) eram enforcados, linchados, decapitados, esquartejados, cuspidos, humilhados, em suma, passaram pelas piores barbaridades que um ser humano pode imaginar. Até os bebés negros não escapavam da tamanha crueldade. Estes eram feitos de isca para capturar jacarés e crocodilos. Foram actos hediondos que alguns querem fazer o mundo e sobretudo o próprio negro esquecer.

Os negros continuam sem valor algum. Culpam-nos dos seus maiores problemas. Acusam-nos de matarem-se uns aos outros descaradamente e serem os portadores das piores enfermidades do mundo. São eles os selvagens, sem luz, cruéis, sem honra, imundos e imbuídos de maldade. Para os caucasianos os negros são a indicação de maldade, de impureza. Pouco sabem que o homem branco não está na posição moral de acusar o negro de nada. Fizeram-nos acreditar que a miséria e sofrimento que os negros vivem hoje não tem nenhuma relação com os 500 anos de repressão e pilhagem por estes sofrida.

Os negros africanos que hoje são escravizados no país irmão Líbia, ou ainda os que são propositadamente mortos aos montes no mar mediterrâneo, tentando atravessá-lo em busca do bem-estar social que a Europa lhes tirou há 500 anos atrás e ainda hoje tira, são considerados a escória do mundo. São apenas pretos a querer invadir a vida dos outros. No entanto, ao invadir a Europa e o ocidente, o negro está numa jornada para alcançar um lugar que o seu antepassado ajudou a construir e que outrora este foi a força de trabalho do tão designado “país desenvolvido”.

Preocupa a maneira como o homem branco vem tentando apagar a história e origem do negro reduzindo-o a insignificância. O negro é a origem da espécie humana na terra, e até do próprio branco. Como prova disto, Mendel, por sinal um cientista europeu mostrou cientificamente que são encontrados no branco os genes do homem negro. Assim, mostrou Mendel que o caucasiano é recessivo e o negro dominante, geneticamente falando, porque segundo ele, olhos azuis e cabelo loiro são recessivos, pele negra e olhos castanhos são dominantes. Na mesma linhagem, Rogers (2004) refere que só há pouco menos de 6000 anos atrás com a migração de negros do norte de África, sobretudo do antigo Egipto, para Europa começaram a surgir os primeiros brancos como resultado de uma mutação génica. Facto que hoje testemunhamos na nossa jornada da procriação com intuito de multiplicarmo-nos para encher o planeta.

Como exemplo elucidativo daquele acontecimento, traz o Prof. José Maria de Igreja Campos [https://www.verdade.co.mz/vozes/37-hora-da-verdade/63118-selo-raca-por-jose-maria-de-igrejas-campos-] uma passagem no seu artigo intitulado “Raça” que diz o seguinte: “…praticamente toda a população “branca”, tinha nos glóbulos vermelhos do seu sangue hemoglobina S característica da raça negra (Cá estão eles!) …A população alentejana absorveu os pretos ou estes absorveram os alentejanos”? Esta pergunta tem a sua resposta na mesma frase e pode ser também encontrada observando os mais novos habitantes do “novo continente” chamado Europa.

A realidade trazida por Mendel e não só, é aceite pela comunidade científica europeia e mundial, mas infelizmente há quem tenta ignorá-la.

Os negros foram os primeiros humanos a habitar a terra, há quase 1 milhão de anos, é facto cientificamente comprovado. Os antropólogos europeus ao pesquisarem sobre os seres humanos não pararam por muito tempo na Europa, porque não havia nada por lá para explicar a proveniência do homem, logo, tiveram de migrar para África. Como explica Brace (2006), não há esqueletos antigos do tipo caucasiano na Europa. As suas descobertas mostram que não havia brancos na Europa antiga, só havia negros africanos a viver por lá como Dubois 1903; 1915; e Diop 1955; 1967; 1974, já antes fizeram referência nos seus escritos. Devido a dominação e da ideia de superioridade racial perpetrada pelos caucasianos, aliada à ganância pelo poder e recursos durante a história da humanidade, o homem branco tentou apagar tudo que dava algum valor ao negro.

Hoje, nos juramentos dos cursos de medicina fazem acreditar aos formados que Hipócrates, homem branco da Grécia antiga é o legítimo pai da Medicina, ocultando-se a existência de Imhotep, o verdadeiro pai da Medicina, homem negro do antigo Egipto que já praticava a medicina há milhares de séculos. A forma de beleza feminina vendida aos africanos tem olhos azuis e cabelo loiro, mas não nos contam a história da grande influência de Saartjie Baartman sobre a beleza das mulheres europeias do século XVIII.

Alguns europeus ofuscados pela verdade detestam ver os africanos imigrar para Europa em busca de sobrevivência. No entanto, ignoram as reais causas por detrás dessa imigração em massa. Se tiras a terra e a cultura de alguém, negas-lhe a instrução ou educação e ensinas a detestar tudo sobre ela criando ódio e discordância entre os seus próximos e iguais, impondo crenças, ideologias, regimes, sistemas e tipos de governo os quais nunca compreenderam, como esperar que esta pessoa seja produtiva para si própria e para o mundo no geral? O racismo que o negro africano sofre tem raízes na sua origem aborígene e natural do planeta e isso incomoda aos que conhecem tal realidade e também aos cegos que apenas odeiam porque assim lhes foi ensinado.

Os nossos irmãos da Líbia, do Egipto, da Argélia, etc., da chamada “África branca” que pela cor da pele acham-se superiores aos demais africanos devem procurar fugir da ignorância que lhes foi imposta e aceitar a verdadeira história. O mesmo vale para alguns africanos e caucasianos que ainda glorificam a raça branca como a mais pura da natureza. Já tentaram limpar etnicamente os negros há 5 séculos atrás e ainda tentam, mas cá estão eles, sempre estiveram e possivelmente sempre estarão. Resta apenas aceitar e conviver pacificamente com isso.

A raça nunca foi uma chatice, muito menos um problema. Nós tornamo-la num problema pela falta de conhecimento sobre as suas origens e do que essencialmente ela é feita. Também porque nunca nos demos o tempo de questionar sobre quem realmente somos e o que fazemos neste planeta. Pouco nos preocupamos em entender as leis da natureza, as leis da física que são as que realmente nos orientam e focalizamo-nos em perder o precioso tempo com mesquinhices criadas pela sociedade e por um minúsculo grupo de indivíduos que não passa de pó de areia nesta vasta galáxia e universo onde respiramos.

Urge pensar e agir como espécie e não como indivíduos, porque no final das contas somos todos seres humanos e viemos de um espaço comum. Somos todos filhos de um planeta capaz de prover à todos os que nele habitam. Somos apenas parentes distantes.

Por Raúl Barata

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