“Todas as famílias felizes se parecem; cada família infeliz é infeliz à sua maneira”, Liev Tolstói.
Endereço este grito por escrito a todos os moçambicanos. Segundo eternizou Denis Diderot, “engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga”. É escusado adjectivar a situação que vivemos, não é preciso ser sociólogo, politólogo, economista, jurista, médico, professor, carpinteiro, funcionário público nem outra coisa, porque todos percebemos o caos.
Um país em que o cidadão nunca se interessa com o investimento público, com a qualidade da sua educação, da vida da sua comunidade, do transporte público, da segurança da sua sociedade e da sua habitação, da sua saúde, não tem legitimidade para pedir satisfações em relação ao destino dado ao dinheiro dos seus impostos.
Um país em que o cidadão não procura conhecer os seus direitos e deveres, não conhece e não procura conhecer os mecanismos de exercício desses direitos e o cumprimento de deveres, não saberá nunca se organizar e reclamar o cumprimento de uma série de normas.
Um país em que a expressão “cada um por si, Deus por todos” parece ter sentido, não terá nunca uma cultura de cidadania, não irá nunca à rua lutar pela melhoria condições de vida dos outros, porque cada um se preocupa somente consigo. Um país que banaliza a pobreza e aplaude o roubo não tem o direito, nem a legitimidade de exigir responsabilidades, porque quem sorri para o ladrão que lhe rouba não tem postura de cidadania.
Hans F. Sennholz, renomado economista americano, diz que aos pobres “é preciso dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular o seu sucesso. Não mintam, não roubem, não trapaceiem e não tomem dinheiro das pessoas, tampouco utilizem o governo para fazer isso por vocês. Não enriqueçam por meio de políticas governamentais. Não aceitem dinheiro nem privilégios do governo – dado que o governo nada cria, tudo o que ele nos dá foi adquirido coercivamente de terceiros (na esmagadora maioria dos casos, contra a vontade de seus legítimos proprietários), uma medida que gera apenas ressentimento destes pagadores de impostos. Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura. Dêem o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste arranjo”.
Em Moçambique, “precisamos é de exemplos de que com trabalho duro, estudo, oportunidades iguais podemos todos alcançar o sucesso pessoal e do país. Não queremos plágios infelizes de realidades que pouco têm para nos ensinar. Queremos ter a certeza que não interessa que a pessoa venha de Gorongoza, de Govuro, de Palma, de Malema, de Mafalala, enfim de qualquer canto deste país, se lutar e tiver a oportunidade poderá prosperar, os Mercedes, os Audis e BMWs as mansões na Sommerschield, Belo-Horizonte e no Triunfo, fruto dos roubos, das boladas, das jogadas, dos privilégios e das benesses fazem-nos perpetuar a nossa Pobreza na Riqueza”, Magambo Cossa.
Por Esaú Cossa