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SELO: Ao MINEDH, a crónica de um analfabeto – Por Langane Escritor

Parece que, no meu labirinto tudo é aceite e ninguém deve reclamar, teme-se que qualquer coisa possa acontecer…! Aqui, é onde as decisões são tomadas e só depois do seu impacto e prejuízo é que se possível podem ser analisadas. “Não há mais dispensas para o ensino geral em Moçambique, ou seja, não há dispensas nas classes de exame”. Esta foi a última das mais trémulas notícias de Janeiro de 2019, dada pelo nosso tão intransigente governo, que diz se ter baseado no número 2 do artigo 83 do regulamento de avaliação do ensino primário, secundário, alfabetização e educação de adultos.

Mas afinal, quais serão as razões que estejam por detrás desta antipática decisão? Que vantagens e desvantagens, isso envergará ao ensino em Moçambique? A quê valerá a dedicação daquele aluno que merecia até dispensar por mérito? – Ouvi nos órgãos de informação de que provavelmente haveriam prémios para tais que se destacarem como melhores! Não sei de que prémios se tratam mesmo! Serão as habituais chaleiras eléctricas, roupões de finalista, cursos básicos de informática, ou então as ceifadas e ansiadas bolsas de estudo? Não me deixem contundir sozinho, pois sei que não sou o único estudante deste nível neste país!

Alguns especulam que com a abolição das despensas, a corrupção que ocorria nas instituições de ensino vai baixar ou até desaparecer por completo, e que já será possível monitorar melhor os alunos e professores. Mas ninguém disto tem mesmo certeza, nem eu! E se as notas das classes anteriores às de exame não vão ser mais validadas perante o cálculo das médias, para quê então passar por elas? É evidente que ninguém me responda, pois aqui no meu labirinto o mais importante é cumprir o ordenado pelos poderosos!

V. Excias senhores dirigentes, ministros e coordenadores do MINEDH (Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano), eu, em particular, estou doente com esta decisão. Se possível, gostaria que pelo menos validassem as notas anteriores às das classes de exame. Isso pode de facto, melhorar a minha autoconfiança como aluno. Porque Se não posso dominar todas as disciplinas por secção, logo, não poderei conter o mínimo de dez valores necessários para o direito ao exame final em todas elas. Se o aluno tiver cerca de sete disciplinas, tendo sido obrigado por lei a não excluir a pelo menos cinco delas, imaginemos que aconteça o inverso, neste caso, com este mesmo aluno que tenha tido boas médias na(s) classe(s) anteriores referentes a tais disciplinas agora não transitado?

De certeza que este se sentirá bastante injustiçado. O mais fraco poderá até optar em desistir dos estudos e assim prejudicando o seu futuro e comprometendo o desenvolvimento do próprio país “o que pode não importar tanto às V. Excias pois já se encontram formados e feitos na vida. E se possível, têm os seus filhos também já formados e que provavelmente estejam estudando em escolas altamente privadas ou no estrangeiro” – suspeita de que essa vossa lei não lhes afecte! O que me leva a pensar que esse decreto revele um espírito de egoísmo, desinteresse e descriminação para com os que mais necessitam da vossa tão mendigada educação, como eu – analfabeto.

Por Langane Escritor

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