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SELO – A educação moçambicana: um terreno lamacento na transição multidisciplinar! – por Wilson Nicaquela

Pressupõe-se que (1997), seja o último ano de nascimento, para ter feito parte daqueles que estudaram o antigo CURRÍCULO do ENSINO BÁSICO (CEB). Contudo, o currículo vigente emergiu num momento em que o país estava a enfrentar uma transição, mormente social, económica, tecnológica, política e afins….

Vezes sem conta, quando as pessoas, sobretudo, as que nada de educação dispõem como cultura cognoscível e, apenas, analisam com base naquilo que Boaventura de Sousa SANTOS (1997)* considera errôneo, a unicidade do conhecimento baseado na Ciência, subestimam ou ignoram esse avalanche de transformações, não só conjunturais, como também,  estruturais aqui elencados.

A liberalização do ensino, do comércio, a expansão da rede escolar, a ratificação de acordos internacionais, a introdução do multipartidarismo, a necessidade de formação de professores em quantidade, sem se questionar os meios de formação, fazem parte de um leque imensurável da qualidade questionada do nosso ensino hoje!

A procura de certificados pelos próprios professores, fazendo da educação um meio para ascensão social, pese embora “não sejam milionários”, contribuíram, sobremaneira, na estagnação da nossa educação pública no país e, consequentemente, afundou,  que até, permite a auto-exclusão dos próprios alunos!

Não pretendo advogar o retorno ao então currículo, ou que tenha sido o limiar da qualidade  atemporal do nosso ensino. Mas, uma ilação estou a tirar, recorrendo ao método nenhum, daquela ciência que SANTOS acusa de espalhar um pensamento único, sobre o saber social.

Essa ilação é: mesmo os alunos que não frequentaram classe alguma, do tal currículo, publicam fotografias dos famosos livros de capa com imagens de PAULO & AIDA; ademais, o texto que acompanha essas imagens é curto, do tipo “quem se lembra?”.

Ora, se a tal pergunta, eles (os de 1998 para cá) fazem por SUGESTÃO SOCIAL, nada mal. Mas, se fazem inocentemente, urge a necessidade de incentivar o recrutamento de “digitadores de identidade” para ajudar aos abrangidos que valorizem este currículo vigente, pois o anterior está em crise e foi superado, sob pena de quererem envelhecer mas negarem ser velhos!

Falando na superação e crise de modelos de ensino, chamo atenção aos fazedores de opinião, que há fórmulas impostas pelo modelo de educação Eurocêntrico, mas que se revelam cada vez falidas. Tal é  o caso de achar que os seres humanos são todos iguais e o que difere é  a cor da pele. Aliás, “o que muda é  o observatório, a paisagem continua a mesma”.

A CRISE desse pensamento regista-se na insatisfação da seguinte questão: como se explica que o mesmo professor, que em 1997, na sua turma da 2a classe, apenas 2 alunos tinham dificuldade de escrever os próprios nomes; mas, hoje, 2 alunos dele na mesma classe sabem escrever os seus nomes. E, estes 2 alunos, são filhos de professores!?

A terminar, gostaria  de convidar aos meus amigos especialistas em análise em tudo, que quando o assunto em causa é a EDUCAÇÃO, deixem primeiro e no fim falar um EDUCADOR por excelência!

*SANTOS, B.S (1997). Pela mão de Alice: O Social, o Político na Pós-Modernidade. 3ed. Cortez editora, São Paulo.

Por: Wilson Nicaquela

Psicólogo escolar

Mestrando em Educação em Ciências de Saúde

(UniLúrio)-Universidade Lúrio/ Campus de Marrere,

Nampula-Moçambique.

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