Togo foi suspenso das próximas duas Copas da África de Nações (CAN) pelas interferências governamentais que envolveram a retirada de sua seleção da CAN-2010, anunciou este sábado o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), Issa Hayatou.
“O Comitê Executivo (da CAF) acaba de suspender Togo das duas Copas da África de Nações”, afirmou Hayatou à AFP. “É uma sanção regulamentar. Houve uma interferência governamental, algo que não podemos aceitar”, acrescentou.
Hayatou recordou que a CAF compreendeu a posição de Togo, mas que pediu que a seleção permanecesse na competição. “Os jogadores disseram que ficariam. Até então tudo estava bem”, contou. “Mas quando há uma interferência política, não se pode aceitar isso”, acrescentou, dando como exemplo a Nigéria, cujas autoridades políticas retiraram a equipe nacional da CAN em 1996.
“É exatamente como o caso da Nigéria. Foi uma interferência política e a sancionamos com duas edições de suspensão”. A CAF se baseou no artigo 78 das regras da CAN-2010, que estipula que “uma retirada declarada menos de 20 dias antes do começo da fase final de competição ou durante esta desencadeará a suspensão da associação nacional envolvida nas duas edições seguintes”.
A seleção togolesa retirou-se da edição da CAN organizada em Angola depois do ataque terrorista que sofreu em sua chegada ao país. No dia 10 de janeiro, o ônibus da seleção do Togo foi metralhado durante cerca de 20 minutos logo depois de entrar em Cabinda, um enclave angolano imprensado entre o Congo e a República Democrática do Congo (RDC) e abalado por um conflito separatista que começou há 35 anos.
Dois membros da delegação togolesa morreram no ataque e o governo de Togo determinou a saída de sua seleção do torneio. O goleiro Kodjovi Obilale ficou gravemente ferido e, depois de ser hospitalizado em Johannesburgo, na África do Sul, se encontra em tratamento para se recuperar dos ferimentos sofridos nas costas e no abdomen.
A ação foi imediatamente reivindicada pelas Forças de Libertação do Estado de Cabinda-Posição Militar (FLEC-PM), um movimento separatista dissidente, e, dias depois, por um segundo grupo separatista de Cabinda, o a Frente de Libertação do Estado de Cabinda-Forças Armadas Cabindesas (FLEC-FAC). O ataque foi criticado pela comunidade internacional. A França denunciou um “ato inqualificável” e a África do Sul, país-sede da próxima Copa do Mundo, um “ataque chocante e inaceitável”.
O chefe de estado-maior da FLEC-FAC, Mihuel Boma, defendeu em comunicado uma “atitude responsável em relação à CAN-2010”, prometendo se abster de “qualquer ato de violência em Cabinda durante o torneio”.