Em 2012, o sector moçambicano da Saúde contribuiu com os mesmos problemas de sempre, para a manutenção da visão depreciativa dos utentes. O Estado da Nação real desta área está nas dificuldades com que as populações dos distritos se debatem para terem acesso a tratamento médico.
As pessoas ainda não estão em condições de dar nota positiva ao trabalho feito por aqueles que diariamente garantem um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças, no ser humano.
O atendimento aos pacientes, nos hospitais moçambicanos, é uma “vergonha”. Desta vez quem o diz já não é o povo, é o próprio ministro do pelouro, Alexandre Manguele, frustrado com os “falhanços” da Estratégia de Qualidade e Humanização dos Cuidados de Saúde. Humanizar o quê se as pessoas continuam a ser destratadas nas enfermarias?
O mau atendimento aos utentes persiste nas unidades sanitárias em Moçambique. As queixas, constantes, dos cidadãos sobre a conduta de alguns, não poucos, agentes da Saúde deixa indícios de que a propalada humanização dos cuidados de saúde ainda não transitou do papel para a realidade.
Por estas e outras razões, Manguele assumiu publicamente, este ano, que a maneira como as pessoas são atendidas nos hospitais é deveras preocupante. É uma grande tristeza. Desconforta qualquer um, sobretudo os pacientes. Dá vergonha.
Os problemas de que os cidadãos se queixam, há anos, não se esgotam por aí. A lista é extensa e já vai transitar para o próximo ano: reina a insatisfação em relação à maneira como os doentes, sobretudo os desprovidos de condições financeiras, são tratados. São atendidos aos berros e insultados. Não lhes é dispensado o devido respeito. Falta civismo aos profissionais da saúde.
É repugnante que em pleno século XXI ainda haja pessoas que prestam serviço público como se fosse um favor. Que haja serventes e parteiras que maltratam as parturientes. Que cobram dinheiro para garantir a vinda ao mundo de um ser humano. Que vasculham as bolsas ou sacolas das parturientes enquanto estas se contorcem de dores…
É igualmente inadmissível ver todo um sistema de Saúde ser maculado por pessoas que podem muito bem ser apontadas com o dedo e tomar-se medidas arrojadas e exemplares contra elas.
Como de costume, em 2012, uma vez mais, os médicos endureceram as suas reclamações, com as quais justificam, às vezes, a sua má serventia. Queixam- se de estar a receber salários magros, não têm habitação, por aí em diante…
Enquanto isso, quem de direito tem revelado uma tamanha incapacidade de resolver os problemas de que os médicos se queixam. É um erro crasso colocar em perigo a saúde e a vida de milhares de cidadãos, em particular pacientes que, dia e noite, são “vigiados” pelo pessoal médico, por causa duma contenda salarial. Até quando a resolução deste assunto será protelada com promessas não efectiváveis por parte de quem as faz? Saúde de “vergonha”
A voz do povo
“Será que é BOM um Estado em que o cidadão fica doente (padece de cancro), durante 3 meses aplicam-lhe medicação errada e, por não ver nenhum avanço no tratamento, este mesmo doente decide por conta própria transferir-se para o famoso Hospital Central de Maputo e lá descobre que lhe aplicaram medicamentos errados e, mais, que já é muito tarde para reverter a situação da doença, pois já estava num estado muito avançado? Alternativa: mandam-te de volta para morrer em casa, e é este mesmo médico que hoje ameaça paralisar os trabalhos nos hospitais porque lhe pagam mal”, Anónimo
“Se o profissional da Saúde não possui as mínimas condições para trabalhar significa que não terá amor para tratar os enfermos”, José Abudo, militar na reserva
“Penso que as pessoas que trabalham nos hospitais são altamente qualificadas para o trabalho que fazem, mas por causa da falta de incentivos acabam por praticar acções que desonram o trabalho que devem fazer. Então, na sua comunicação em relação ao Estado da Nação, eu penso que o Presidente da República devia explicar aos moçambicanos sobre as mortes massivas que acontecem diariamente nos hospitais. Será que há falta de medicamentos? Será que os médicos que nós possuímos não conseguem receitar os fármacos certos? Há muitos aspectos que carecem de esclarecimento em relação à mortalidade nos hospitais. Presentemente, as pessoas têm medo de ir para o hospital pura e simplesmente porque sabem que se forem podem não retornar à casa”, João da Silva
“É lastimável a situação que se vive no país. O Sistema Nacional de Saúde é deficitário, o atendimento nos nossos hospitais não é dos melhores, alguns profissionais da Saúde mal atendem os seus pacientes, é vergonhoso um médico receitar um determinado tipo de medicamento ao seu paciente e ainda dizer lhe que na farmácia do Estado não tem o medicamento X, Y ou Z que irá encontrá-lo no sector privado. Afinal de contas o Governo compra medicamentos para o SNS, mas algum grupinho desvia-os para alimentar as suas firmas farmacêuticas”, Euclides Cumbe
“O sector da Saúde enfrentou muitos desafios nos últimos dois anos, mas as coisas estão a voltar a normalizar-se, porque o MISAU tem um ministro menos sensacionalista e mais batalhador, tentando moralizar a classe trabalhadora e devolver a dignidade que o Sector merece”, Orlando Chirindze
“O sector da Saúde tende a registar melhorias, o único problema é a falta de medicamentos nas Farmácias Públicas”, Vanya Felipe
“Na Saúde a qualidade do atendimento baixou com a saída de Ivo Garrido e há um claro descontentamento dos quadros no tocante à remuneração”, Tomás Pedro Carvalho
“Na Saúde há uma ligeira melhoria no atendimento e isso tem- -se notado. O problema é a grande afluência de pacientes e não a falta de pessoal suficiente para responder à demanda, mesmo em médicos. Esta situação obriga os que têm posses ( PAGANDO ) a irem às consultas em casa de alguns médicos fora do horário de expediente, Euclides Premo
“Muitas vezes, quando alguém da minha família está doente ao levá-lo ao hospital não conseguimos ter medicamentos mesmo que seja a malária, ora as farmácias dos hospitais não têm os fármacos ou porque não estão abertas”, Santos Inácio.
“O estado do sector da Saúde é mau porque crianças ainda morrem por falta de cuidados básicos”, Lu
“O Estado da Nação não é bom porque milhares de pessoas não têm acesso aos serviços de saúde, o atendimento é deficitário e os recursos humanos não têm o mínimo de humanismo. O país está mergulhado numa verdadeira imundície política e social e urge eliminar os males que apoquentam o sector da Saúde, nomeadamente a melhoria do atendimento, e colmatar a falta de medicamentos que continua a ser uma pedra no sapato para os utentes. Na minha óptica, o pleno do Estado da Nação implica a existência de condições aceitáveis para um Sistema Nacional de Saúde de qualidade e sem limitações de trabalho para os agentes da Saúde, Victor Chilaúle.
“Ainda não se atingiu um estado pleno, mas há melhorias no Sistema Nacional da Saúde. Porque há uma explosão e expansão tímida da rede hospitalar. O nosso país está numa situação muito caótica porque ainda persiste um tratamento e atendimento desiguais nos hospitais, muito por culpa do próprio Governo que não cria condições aceitáveis para a classe médica desenvolver o seu trabalho com dignidade, Acácio Tembe.
“O Estado da Nação é deficitário, porque a Saúde está doente e precisa de uma solução urgente para evitar que haja mais pessoas a morrerem por causa das condições que o Governo não quer conceder à equipa da Saúde nacional em detrimento da estrangeira. O país está mergulhado num autêntico caos porque se está a deixar mais pobre a população que se vê impedida de ter acesso à Saúde, muito por culpa do Governo que não quer fazer nada para expandir as unidades hospitalares para todos em face da sua governação arrogante”, Alberto Julião