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Samora Machel: Dez anos esperando pelos seus “irmãos”

Samora Machel: Dez anos esperando pelos seus “irmãos”

Conhecer Moçambique e os seus “irmãos” é o maior sonho de Samora, o jovem brasileiro de 21 anos que foi recebido por Graça Machel e Nelson Mandela em Brasília corria o mês de Julho de 1998. Chama-se Samora Machel Messias de Nascimento e o seu nome é uma clara homenagem ao primeiro Presidente de Moçambique. Nasceu em Adrandina no Interior de São Paulo.

Em Julho de 1998 foi recebido pelo casal Mandela no hotel Naoum de Brasília. Nessa altura tinha nove anos e virou notícia em diversas publicações brasileiras e estrangeiras. “Na época fui objecto de notícia em vários jornais nacionais (brasileira), mas também a Media internacional fez menção ao caso”, lembra. Segundo alguns periódicos do país, “naquela ocasião o casal Mandela mostrou-se emocionado por saber que no Brasil existia uma homenagem igual para Samora Machel”, lê-se. Entretanto, a esposa de Nelson Mandela ordenou aos seus assessores que recolhessem dados e contactos. A seguir prometeu voltar a comunicar com o jovem.

“Nesse processo Graça, igualmente pediu permissão à minha mãe para que me levasse a conhecer Moçambique e a África do Sul, onde iria visitar os meus “irmãos”, dizia ela se referindo aos filhos de Samora Machel e toda a sua família e com certeza ao povo desse lindo continente onde tenho fincadas as raízes”, comenta. Sonho com o dia em que estarei em frente da família Mandela.

No entanto, tal não aconteceu, pois nunca houve comunicação. O Machel brasileiro acredita que assim sucedeu porque o casal Mandela anda ocupado nos vários compromissos que tem. À medida que o tempo passa, Samora procura novos meios para comunicar com os seus “familiares”. Para tal faz vários contactos. Recentemente deslocou-se a Brasília para falar com Murade Murargy o embaixador de Moçambique naquele país. “O embaixador sabe da história e me garantiu todo o apoio visando realizar o meu sonho”, refere. Além disso, convive directamente com a família Machel em Moçambique através da rede social “facebook”. Faz contactos com a Fundação Nelson Mandela de Pretória na vizinha África do Sul e com a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) de que Graça Machel é presidente.

“Mandei várias mensagens para a Whatana Investment Group através de correio electrónico e estou à espera. Sou persistente e não vou desistir. A cada dia recebo notícias e resultados positivos sobre essa saga que venho enfrentando”, conta. Refere que obteve importantes informações dando conta de que a Whatana é uma empresa de investimentos da família Machel, a qual tem várias participações em empreendimentos de outra natureza, inclusive numa futura central térmica, na qual a Vale do Rio Doce é a principal accionista.

Como brasileiro, solicitou à Vale do Rio doce para que participasse no processo na qualidade de intermediária. “Sonho com o dia em que estarei frente a frente com a família Mandela. Se isso acontecer será o melhor dia da minha vida”, desabafa. Dessa experiência conheceu Dionne Machel (neta), Uthika Machel (sobrinha), Graça O. Machel (sobrinha), Samora Moisés Machel Jr. (filho) e Malenga Machel (filho de Graça com Samora). Porém, Malenga ainda não lhe respondeu pelo facebook, contudo aguarda pacientemente pela resposta.

Fui criado com ideias revolucionárias

Samora Machel estava em Brasília a passar férias com a mãe e dois irmãos. Citada no Jornal do Brasil publicado no Rio de Janeiro, a progenitora contou que o nome foi escolhido pelo pai Manuel Messias de Almeida, líderdo movimento negro de Andrandina, inspirado no activista sul-africano Steve Biko.

O encontro com Mandela aconteceu justamente por causa do seu nome. O avô do jovem, Euphosino de Almeida foi soldado na segunda Guerra Mundial. De acordo com o jornal Folha da Região de Araçatuba-SP, o Samora brasileiro já foi vítima de discriminação racial por causa da cor da sua pele, principalmente ao frequentar escolas privadas e clubes fechados. Mas mesmo assim diz “ser possível mudar e cada um deve se colocar apenas no lugar do outro para perceber que somos todos iguais”.

De Mandela o pequeno Samora ouviu incentivos para continuar a lutar pela igualdade de direitos entre as pessoas, palavras que diz nortearem a sua vida. “O meu pai é da esquerda socialista. Fui criado com ideias revolucionárias, se calhar as mesmas que Samora defendia para o povo moçambicano. O pensamento do Presidente de Moçambique influenciou a minha forma de estar e me tornou uma pessoa melhor ”.

Portanto, ter a oportunidade de estar ao lado do casal Mandela foi para o jovem brasileiro uma experiência extraordinária e como a esperança é a última a morrer, acredita que um dia irá reencontrá-los, mas enquanto tal não acontece apenas lhe restam as lembranças e o consolo de um dia ter estado nos braços de um dos casais mais influentes do mundo na luta pelos direitos humanos.

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