Dezenas de muçulmanos salafistas (ala ultra-conservadora) atacaram um hotel em Sidi Bouzid, berço da revolução da Tunísia, porque ele estava a servir álcool, disse o proprietário do hotel, esta Terça-feira (4).
Acredita-se que tenha sido o primeiro ataque num hotel no país norte-africano, que depende fortemente do turismo.
“Cerca de 100 salafistas atacaram o hotel na noite da Segunda-feira (3) e quebraram tudo. Eles entraram nos quartos e danificaram móveis e quebraram garrafas de bebida alcoolica”, contou Jamil Horcheni, proprietário do hotel, à Reuters.
Ele disse que os islâmicos ultraconservadores ameaçaram atacar o seu hotel em Maio se ele não parasse de vender álcool.
A Tunísia, cujo presidente autoritário Zine El Abidine Ben Ali foi derrubado por um levante popular, ano passado, agora tem um governo eleito liderado por islâmicos. Houve vários ataques a pontos turísticos e culturais desde a revolta.
Em Maio, os salafistas realizaram um protesto antiálcool em Sidi Bouzid, a 300 quilómetros a oeste da capital Túnis, exigindo que os hotéis e bares fossem transferidos para fora da cidade.
Nas últimas semanas, grupos salafistas impediram a realização de vários concertos e peças de teatro nas cidades tunisianas, dizendo que eles violam os princípios islâmicos, preocupando os tunisianos de visão secular que acreditam que a liberdade de expressão está em perigo.
A oposição secular acusou o partido do governo islâmico Ennahda de conluio com grupos salafistas. O Ennahda também vem sendo criticado por salafistas que dizem que ele não consegue defender os valores islâmicos. O Ennahda nega as acusações de ambos os lados.