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SADC agastada com nomeação de novo governo malgaxe

O Secretário Executivo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o moçambicano Tomas Salomão, condena a nomeação unilateral do novo governo malgaxe e considera o acto de “inaceitável” e “intolerável”.

Salomão, que falava a imprensa moçambicana em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), na noite de Terça-feira, no término da 29/a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo desta organização regional, disse, visivelmente agastado, que a nomeação unilateral do novo governo “é para todos os efeitos inaceitável e intolerável”.

Salomão respondia a uma pergunta questionando o posicionamento da SADC face as informações veiculadas pela imprensa internacional, segundo as quais o Primeiro-Ministro, recentemente nomeado pelo auto proclamado presidente da Alta Autoridade de Transição, Andry Rajoelina, teria anunciado um novo governo na Terça-feira. Rajoelina também é citado como tendo dito que o novo governo surge na sequência das negociações de Maputo. Contudo, o referido acordo refere que todas as partes deverão concordar com as nomeações, o que não acontece no caso vertente.

Salomão fez questão de vincar que a mediação da SADC, e a mediação conjunta levada a cabo com a União Africana, Nações Unidas e a Francofonia, não se deslocou a Madagáscar, Maputo, Addis Abeba, Nova Iorque e Paris para fazer turismo. Todo este processo teve um custo intelectual, financeiro e de tempo que poderia ter sido usado para outras coisas importantes, mas que o mesmo acabou sendo usado para levar as partes malgaxes para Maputo nos dias 5,6,7,8 e 9 de Agosto, disse Salomão.

Em Maputo, explicou Salomão, foi decidido voltar a mesa das negociações duas ou três semanas mais tarde para a conclusão dos acordos, o que efectivamente aconteceu. “Partimos do princípio de que estamos a lidar com pessoas maduras, adultas, responsáveis, quando assinam documentos e assumem compromissos”, disse Salomão, para de seguida frisar que, por isso, “não podemos aceitar, de maneira alguma, que depois de todo esse esforço de maneira unilateral se caminhe numa ou noutra direcção”.

Refira-se que o próprio comunicado final da Cimeira da SADC manifesta a sua preocupação com as tentativas de minar os acordos assinados em Maputo por todos os movimentos políticos malgaxes a 9 de Agosto de 2009. “A Cimeira rejeitou firmemente e condenou veementemente qualquer decisão unilateral que viole o espírito do acordo de Maputo.

A Cimeira reiterou ainda a sua decisão sobre a suspensão de Madagáscar como membro da SADC ate a restauração da ordem constitucional nesse país”, lê-se no comunicado, que também insta os intervenientes políticos a implementar na íntegra os acordos de Maputo. Enquanto isso, o estadista moçambicano, Armando Guebuza, que na presente cimeira assumiu a presidência do Órgão de Política, Defesa e Segurança, mostra-se muito optimista com o desfecho do conflito malgaxe.

“É normal que em negociações desta natureza existam momentos que pareçam ou são mesmo de recuo. Mas isso não quer dizer que vamos mudar de estratégia, até porque isso pode significar que estamos no bom caminho, e que existe uma reacção do outro lado e que nós temos que agir com maior certeza e com maior confiança”, disse Guebuza. Questionado se haveria a necessidade de uma mudança de estratégia para o caso malgaxe, Guebuza respondeu “se nós tivéssemos que definir novas estratégias sempre que houvesse um problema, estaríamos mal, pois não haveríamos de fazer nada. Estaríamos mal e não valia a pena desenharmos uma estratégia”, acrescentou.

Refira-se que ainda na Cimeira de Kinshasa Salomão foi reconduzido para o segundo mandato como Secretário Executivo da SADC.

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