Os ritos de iniciação representam uma discriminação no país porque as raparigas são obrigadas a manter relações sexuais precocemente, o que resulta em casamentos prematuros e abandono da escola, segundo um estudo divulgado esta quinta-feira (08), em Maputo.
Intitulado “Ritos de Iniciação e Construção das Identidades Sociais”, a pesquisa, coordenada por Conceição Osório, indica que os ritos de iniciação, como prática cultural, influenciam negativamente na construção da identidade social de adolescentes e jovens, uma vez que reduz o acesso e a permanência da rapariga na escola.
Para além disso, o homem recebe um “mandato” de dominação baseada no sexo, dentre outros aspectos que minam a conclusão da educação primária.
Segundo Conceição Osório, os ritos de iniciação limitam-se apenas a castigar e submeter as raparigas aos trabalhos domésticos, obediência ao marido, sexualidade para o serviço e satisfação do homem, o afecto é posto em segundo plano, dentre outros males sociais que colocam a mulher numa posição medíocre.
A coordenadora da pesquisa sublinha ainda que nos dias que correm, muitos jovens rejeitam o rito de iniciação, porque começam a verificar os aspectos negativos da cultura, uma vez que eles também têm o direito de escolha e começam a quebrar o tabu do segredo do acto.
A investigação a que nos referimos foi realizada na cidade e província de Maputo, na Zambézia, em Cabo Delgado e em Sofala, no período de 2011-2012.