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Rios partilhados: reduz fluxo de água para Moçambique

O fluxo de recursos hídricos disponibilizado para Moçambique está a reduzir devido ao aumento do consumo nos países à montante, sobretudo ao nível da zona sul.

Esta informação foi revelada, hoje, em Maputo, pelo director nacional de águas, Julião Alferes, durante o seminário sobre águas partilhadas, realizado por ocasião da celebração do Dia Mundial da Água, assinalado a 22 do corrente mês.

Moçambique partilha nove das 14 bacias internacionais da região da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Em todos os rios partilhados, Moçambique situase à jusante, a excepção do Rovuma situado na região norte de Moçambique e que faz a fronteira com a Tanzânia, o que coloca o país numa situação de vulnerabilidade em relação a seca, no tempo frio, e inundações, no tempo chuvoso.

“Neste momento registamos uma redução do fluxo de água na fronteira, devido ao aumento do uso deste recurso à montante. Moçambique depende dos países à montante devido existência de poucas infra-estruturas de armazenamento de água, o que nos coloca numa situação de vulnerabilidade no caso da ocorrência de eventos extremos, tais como cheias e secas” disse.

Segundo Alferes, a situação é grave, pois Moçambique precisa de água para manter os níveis dos caudais dos rios para garantir o abastecimento de água às populações, o país enfrenta dificuldades de garantir a captação de quantidades necessárias para suprir as necessidades locais.

Um dos exemplos mais graves da falta de disponibilidade de água verifica-se sistematicamente nalguns rios da zona sul, por exemplo no Rio Incomati.

“Temos registado pouca disponibilidade de água quando os caudais dos rios são baixos. Nessas situações entramos em negociações com os países para libertarem pelo menos quantidades suficientes para manter os caudais ecológicos, abastecimento das populações e animais. Nos casos da ocorrência da escassez de água à montante, também temos dificuldades de ter água suficiente, sendo que algumas vezes conseguimos apenas as quantidades possíveis” explicou.

Para o director nacional de águas, a disputa pelos recursos hídricos ao nível dos países da SADC será maior nos próximos anos devido a tendência para a redução do escoamento da água nas bacias hidrográficas.

Moçambique será o país que mais se vai ressentir da escassez de água nos próximos anos. A zona sul do país será mais afectada a nível nacional, por ser dependente do escoamento gerado pelos países vizinhos, bem como por causa da ocorrência cíclica de secas.

O escoamento superficial anual médio em Moçambique é de 216 mil milhões de metros cúbicos, dos quais cerca de 54 por cento são gerados nos países à montante.

Segundo informações da Direcção Nacional de Águas (DNA), cerca de 75 por cento do escoamento gerado à montante, está concentrado na Bacia do Zambeze.

As regiões centro e norte de Moçambique registam uma baixa dependência em relação aos países à montante, enquanto que na zona sul, contrariamente a zona sul, onde cerca de 80 por cento do escoamento é gerado nos países à montante.

No sul de Moçambique, as chuvas são escassas e a maior parte das bacias são compostas por rios internacionais, nomeadamente Maputo, Umbeluzi, Incomati e Limpopo.

“Verifica-se uma tendência de redução dos escoamentos nas bacias hidrográficas nacionais e internacionais. Nas bacias do sul a situação é agravada pela ocorrência cíclica de seca. A região sul e a bacia de Zambeze dependem mais do escoamento gerado nos países vizinhos em mais de 50 por cento” disse.

Em Moçambique, a distribuição, ocorrência e disponibilidade dos recursos hídricos é desigual e depende da precipitação.

A bacia do Zambeze e a região norte registam uma maior ocorrência de recursos hídricos, cerca de 90 por cento, enquanto que as zonas centro e Sul detêm a mais baixa disponibilidade de água, avaliada em 10 por cento.

Por outro lado, regista-se uma grande variação da precipitação entre as zonas norte e sul de Moçambique, bem como entre a zona costeira e o interior.

Enquanto a região sul de Moçambique é semi-árida, com menos de 700 milímetros de precipitação por ano, as zonas norte e centro registam precipitações abundantes, superiores a 1.200 milímetros.

Moçambique partilha as Bacias dos Rios Maputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save, Búzi, Púnguè, Zambeze e Rovuma, com África do Sul, Swazilândia, Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi, Angola e Tanzânia.

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