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Reversão da HCB catapultou relações Moçambique/ Portugal

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o Primeiro-Ministro português, José Sócrates, asseveraram na noite da última Quartafeira, na cidade de Maputo, que a reversão da Central Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), a favor de Moçambique, catapultou as relações entre ambos os países.

Este sentimento foi manifestado durante um banquete oficial oferecido pelo estadista moçambicano, em honra do Primeiro-Ministro português que se encontra a efectuar uma visita oficial de quatro dias ao país desde a última Terça-feira. Com uma capacidade instalada de 2.075 MW, Cahora Bassa é a segunda maior central hidroeléctrica em Africa e uma das dez maiores do Mundo.

O processo de reversão que, na altura, Guebuza considerou de “segunda independência de Moçambique” foi concluído em Novembro de 2007, quando Moçambique passou a deter 85 por cento do capital do empreendimento, contra os 18 anteriores, tendo Portugal passado de 82 para 15 por cento. Refira-se que foi precisamente José Sócrates quem facilitou a conclusão do acordo. Falando durante o banquete, Guebuza enalteceu o papel de Sócrates, afirmando que “foi com essa mesma coragem e seu enfoque em resultados tangíveis que connosco decidiu enveredar pelo célere encerramento do dossier Cahora Bassa, acto que abriu novos e luzidios horizontes na cooperação entre os dois países”.

Numa clara alusão ao sucesso do acordo de reversão da HCB, Guebuza disse que, por isso, as relações de amizade e cooperação entre Moçambique e Portugal estão impregnadas de muita vitalidade e crescem no quotidiano, diversificando-se em cada uma das diferentes interacções estabelecidas entre ambos os países. “Neste contexto, agradecemos o apoio multifacetado que temos vindo a receber de Portugal, um apoio com impacto significativo na luta que travamos contra a pobreza em Moçambique”, disse Guebuza.

O estadista moçambicano apontou ainda o apoio a capacitação institucional em diferentes sectores de actividade, ao desenvolvimento sustentável, as intervenções multiformes mais específicas, com particular realce para a área de estradas e pontes, infra-estruturas que facilitam a ligação entre os centros de produção e de consumo. Este sentimento de Guebuza encontrou eco nas palavras de Sócrates, que também disse que a reversão de Cahora Bassa foi um acordo que permitiu virar uma página na cooperação entre Portugal e Moçambique.

“Eu tive a rara oportunidade de, enquanto Primeiro-Ministro, celebrar esse acordo e tenho a consciência que com esse acordo viramos uma página e construímos, em conjunto, um sólido alicerce que permitiu o desenvolvimento da cooperação entre os dois povos e países”, disse o Primeiro-ministro. Desde então, explicou Sócrates, Moçambique e Portugal têm vindo a trabalhar de forma continuada para transformar promessas em realidades, bem como para dar passos seguros de aproximação nas relações institucionais nas áreas de economia, educação, cultura, defesa, administração interna, justiça, relações internacionais, entre outras.

Para sustentar os seus argumentos, Sócrates citou 2009 como exemplo do ano em que o mundo foi abalado por uma crise financeira generalizada. Contudo, segundo ele, “o nosso comércio bilateral aumentou cerca de 30 por cento, e o investimento português em Moçambique quintuplicou, estando já aprovados alguns projectos de grande dimensão que levarão a aumentos mais significativos, com relevo para investimentos que permitem ganhos acrescidos para Moçambique em termos de transferência de tecnologias, aumento de exportações e de ordenamento territorial”.

Segundo Sócrates, Portugal já está a pensar no futuro, tendo sido identificadas novas áreas de cooperação, tais como energias renováveis. “Trata-se de uma nova aposta da cooperação portuguesa e queremos inaugurá-la também no âmbito desta visita com os nossos amigos de Moçambique”, explicou. Sócrates também fez referência a realização de um seminário sobre energias renováveis a ter lugar na Quinta-feira, em Maputo, durante o qual serão lançados projectos emblemáticos e inovadores que visam equipar comunidades rurais, escolas e hospitais com mini-centrais solares para a produção de energia eléctrica, e outras finalidades. O Primeiro-Ministro também aproveitou a oportunidade para assegurar ao governo moçambicano a manutenção do apoio português ao orçamento do Estado de Moçambique.

“Pelo nosso lado, posso assegurar, senhor Presidente, que Portugal irá continuar, sem falhas, com o apoio orçamental à Moçambique”, vincou o governante português. Na ocasião, Sócrates manifestou o seu apreço pelo apoio prestado por Moçambique à Portugal, a nível das Nações Unidas.

“Quero agradecer o apoio (de Moçambique) à nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, um apoio que e’ muito importante porque vem acompanhado também de um esforço de persuasão junto dos países vizinhos e de outros parceiros africanos”, rematou.

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