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Restrições do Banco de Moçambique asfixiam agências de viagens

Restrições do Banco de Moçambique asfixiam agências de viagens

Foto de Adérito CaldeiraO controlo mais activo que o Banco de Moçambique está a fazer nos movimentos de moeda estrangeira assim como os novos limites impostos para o uso de cartões de créditos, em vigor desde o início do ano, estão a asfixiar as agências de viagens moçambicanas. “Agora estamos com um problema muito mais grave que é da parte das companhias aéreas que começam agora a interditar vendas de passagens aéreas por falta de expatriamento de fundos”, afirmou o presidente da Associação de Agentes de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique(AVITUM), Noor Momade, alertando que se nada for feito “corremos o risco de fecharmos as agências de viagens”.

As medidas restritivas de política monetária que o Banco Central tem vindo a implementar, sem sucesso, para conter a inflação no nosso País, estão a asfixiar diversos sectores da economia nacional além dos créditos bancários terem ficado mais caros, devido ao aumento das taxas de referência, o controlo mais activo nos movimentos de moeda estrangeira estão a dificultar o repatriamento dos capitais das empresas estrangeiras que vendem em meticais mas pretendem receber esses valores nos seus países em divisas.

O grito mais recente surgiu dos empresários das agências de viagens moçambicanas que num encontro realizado na passada sexta-feira(24) com o ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduro, alertaram que as companhias aéreas internacionais que vendem passagem aéreas no nosso País começaram a impor restrições desde a semana finda devido a dificuldade de transferir os valores recebidos em meticais para os seus respectivos países.

“Há companhias aéreas que voam para Moçambique, e há outras que não voam para cá mas que estão no mercado e podemos vender os seus bilhetes. Por exemplo a Emirates, a Air France, a Singapure Airlines, American Airlines entre outras com partida a partir de Joanesburgo. Desde ontem (quinta-feira, 23), algumas delas, decretaram que as agências moçambicanas não podem vender bilhetes deles que não seja com partida de Maputo”, disse ao @Verdade o presidente da AVITUM explicando que essa decisão primeiro encarece para os viajantes nacionais o custo das passagens pois a ligação entre a capital moçambicana e Joanesburgo, rota monopolizada pelas Linhas Aéreas de Moçambique e pela South African Airways, é muito cara.

Por outro lado a venda de passagens aéreas para o exterior, além das rotas operadas por companhias que voam para Maputo, representa uma fatia significativa, e lucrativa, do negócio das agências de viagens nacionais.

Além deste problema recente as agências de turismo têm enfrentado outras dificuldades em vender os seus serviços turísticos aos clientes que em Moçambique pretendem deslocam-se ao exterior. Desde 1 de Janeiro deste ano que o Banco de Moçambique restringiu para apenas ao equivalente a 700 mil meticais o limite anual que cada titular, independentemente do número de cartões de crédito ou débito que possua num ou mais bancos moçambicanos.

“Muitos de nós tem que pagar para os nossos clientes acomodação, transfers fora do país, usamos o cartão de crédito. Normalmente o cartão de crédito da empresa está em nome de um dos gestores da empresa e este gestor tem também o seu cartão pessoal então a compra que ele faz acumula e o limite é único. Se não há colegas que já excederam o limite estabelecido pelo Banco de Moçambique não deve faltar muito, o que é que vai acontecer: vamos emitir cartões para todos os trabalhadores (da agência) para podermos acumular os 700 mil, é correcto nós fazermos isso?”, questionou Neima Faquir representante de uma agência de turismo moçambicana presente no encontro.

De acordo com Neima Faquir a “solução poderia ser a transferência bancária, mas se um cliente aparece hoje para pagar um hotel em qualquer parte do mundo o banco não faz a transferência no mesmo dia, e o hotel lá enquanto não receber não vai aceitar o cliente”.

“Isto é muito mau para nós porque as nossas vendas vão diminuir e vamos ter trabalhadores sem fazer nada, não vamos ter capacidade para pagar salários, vamos despedir ou vamos ter que fechar a agência”, concluiu Neima Faquir.

O ministro Silva Dunduro deixou o encontro, antes do seu término por motivos de agenda, sem dar respostas aos representantes das agências de viagens moçambicanas.

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