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Residentes de Homoíne esperam por água canalizada há 12 anos

Os residentes da vila-sede de Homoíne, província de Inhambane, estão a espera de água canalizada, há doze anos. O pequeno sistema que assegurava o fornecimento de água desde a década de 60 foi destruído pelas enxurradas do ano 2000. O governo nunca mais tratou de repor o sistema. Neste momento, o fornecimento de água é assegurado por um pequeno fontanário que, por vezes, passa um mês sem jorrar água.

Alguns proprietários de estabelecimentos comerciais, de origem indiana, descobriram o novo negócio de furos de água nos quintais e estão a facturar. Uma lata de 20 litros à boca do “quintal” está a ser vendida por dois meticais.

A mesma quantidade, entregue ao domicílio ,transportada em carroças de tracção animal (burros ou bois), custa 6 meticais. Ter burros e bois para puxarem carroças, na vila de Homoíne, virou bom negócio.

Também há quem busca água nas nascentes dos dois riachos que nascem a escassos metros da vila-sede e transporta-a para venda em bidons.

Sublinha-se que foi numa destas nascentes que as fortes enxurradas de 2000 soterraram o pequeno sistema de fornecimento de água a Homoíne e destruíram a tubagem que já estava obsoleta.

Desde a destruição do sistema em 2000, a procura de água passou a ser um bico d´obra em Homoíne, um distrito do interior da província de Inhambane. As famílias que puderam construíram cisternas subterrâneas onde durante o período chuvoso captam e reservam água.

Se passa muito tempo sem chover a água acaba e volta-se à estaca zero. As mulheres e crianças são obrigadas a perder noites para conseguirem água para abastecimento das respectivas famílias. O governo continua a ignorar por completo este martírio da população de Homoíne, alegando falta de verbas.

Apesar disso, sabe-se que continua a exibir bens que se podem considerar despesas supérfluas perante estas necessidades básicas não satisfeitas.

“O distrito não tem água canalizada há mais de dez anos, desde a destruição, pelas chuvas, do sistema de abastecimento de água. A circulação de viaturas no distrito é caótica por causa dos buracos e grandes crateras resultantes da erosão um pouco por todo lado”, queixou-se Aurélio Nhansavele, morador de Homoíne, acusando os dirigentes de há muito tempo terem perdido o controlo total do distrito.

Recado ao governador

Como forma de manifestar o seu descontentamento, os residentes da vila-sede de Homoíne, desde funcionários públicos, agentes económicos, negociantes e vendedores, sabotaram um comício do governador provincial, Agostinho Trinta, ano passado.

Cresce em Homoíne a indignação contra o governo da Frelimo. Além do crónico problema de abastecimento de água, os residentes de Homoíne protestam contra a má gestão do distrito. Andam indignados com a degradação das ruas, lixo e capim por toda a vila.

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