A Reserva do Gilé, na Província central da Zambézia, é uma das eleitas para beneficiar de um programa de translocação de búfalos da Reserva de Marromeu, Província de Sofala, também no Centro do País – segundo soube O Autarca de fonte envolvida.
Outra área de conservação que espera beneficiar de programa idêntico é o Parque Nacional da Gororongosa, tal como anunciamos oportunamente. No total são cerca de cem búfalos que serão translocados da Reserva de Marromeu para Gilé e Gorongosa, nomeadamente cinquenta cada. Estima-se a existência de mais de dez mil búfalos na Reserva de Marromeu, que teve o maior número desta população do País que, no entanto, foi dizimas durante a guerra civil que assolou o território nacional.
A fonte explicou que o objectivo do programa visa proporcionar populações viáveis nas duas áreas de conservação em que elas depois possam continuar a reproduzir. Em relação ao Parque Nacional da Gorongosa consta que o mesmo já possui algum número de animais para constituir essas populações viáveis, mas a preocupação actual é completar.
Em relação a Reserva do Gilé criada em 1932 pela Comissão Central de Caça de Moçambique, com uma extensão de aproximadamente 2.100 km2, a 430 km da Cidade de Quelimane, sabe-se que é caracterizada por tipos de vegetação muito distintos e de grande importância biológica, e que no passado albergava desde os mamíferos de pequeno porte como os esquilos voadores, cabritos, imbabalas, elandes, changos, aos de grande porte como os felinos, boi-cavalos, rinocerontes, búfalos, elefantes, etc.), aves diversas (francolins, galinhas do mato, calaus, beija flores, pica pau, etc.), répteis (cobra mamba, víboras, camaleões, tartarugas, cágados, lagartos, lagartixas, etc.), batráquios (rãs, sapos e relas) e uma imensa variedade de insectos.
A semelhança do que está a acontecer no Parque Nacional da Gorongosa, a Reserva do Gilé encontra-se também em reabilitação, mas refere-se que a antiga população de rinocerontes extinguiu-se, apesar de ser ainda possível encontrar um grande número de elefantes. A nossa fonte referiu, entretanto, que para a concretização do programa de translocação de búfalos de Marromeu há a preocupação do ponto de vista de saúde dos animais. Enfatizou afirmando que essa preocupação é grande porque não existe conhecimento real do estado de saúde dos búfalos de Marromeu.
Segundo referiu, para se iniciar a implementação do programa será necessário estudar a situação de saúde dos animais e isso terá que ser feito antes de qualquer processo de decisão para a sua transferência Sustentou que é preciso se ter muito cuidado para não reintroduzir animais com problemas de saúde, referindo- se concretamente da necessidade de se pretender manter maior distância sobretudo em relação a tuberculose. “Portanto, nós vamos ter que verificar qual é o estado de tuberculose dos búfalos de Marromeu antes de nos envolvermos na sua translocação” – afirmou.
Refira-se, entretanto, que o ciclo de reprodução de búfalos é muito parecido com o de uma vaca, cujo período de gestação dura no mínimo doze meses. Normalmente os vitelos nascem nos meses de fim do ano, entre Setembro, Outubro e Novembro. Cada búfalo fêmea dá apenas um vitelo de cada vez. Especialistas veterinários sugerem que para se manter populações viáveis sobretudo nas áreas de conservação em reabilitação, como são os casos da Gorongosa e Gilé, há que se assegurar uma taxa de natalidade na ordem dos setenta e cinco por cento.