Os resultados preliminares dos exames finais em Moçambique apontam para um cenário preocupante de reprovações, particularmente no ensino secundário onde as aprovações chegam a corresponder 22,5 por cento do universo dos alunos examinados numa dada província.
Falando esta quarta-feira em Maputo em conferência de balanço do ano lectivo 2010, o Ministro da Educação, Zeferino Martins, disse que, das sete províncias com resultados dos exames da 12ª classe já disponíveis, Manica teve o aproveitamento mais baixo, correspondente a 22,5 por cento, enquanto Nampula tem o mais alto, com 67 por cento. Ao nível da 10ª classe, a província de Maputo é que teve o pior aproveitamento escolar, com 37,5 por cento, e Nampula conseguiu alcançar o aproveitamento mais alto correspondente a 77 por cento.
Aliás, em todas as classes com exame a província nortenha de Nampula está a registar o melhor aproveitamento, com 87 e 90 por cento para a quinta e sétima classes, respectivamente. No seu contacto com a imprensa, Zeferino Martins disse que apesar da impossibilidade de comparar o aproveitamento deste ano com o de 2009 (os exames ainda estão na fase de correcção), os resultados ora disponíveis mostram um nível de aproveitamento na ordem de 50 por cento.
Para o Ministro da Educação, este desaire resulta da falta de professores em quantidade e qualidade para responder ao rápido crescimento verificado no nível secundário nos últimos anos bem como dos problemas relacionados com a gestão das escolas, entre outros factores. Martins disse que esses resultados devem ser analisados tendo em conta o contexto do crescimento do ensino secundário.
Segundo ele, este nível de ensino cresceu na ordem de 12 a 20 por cento/ano, mas esses progressos não foram acompanhados pelo aumento da disponibilidade de professores com qualificações para leccionar a esses níveis. Ele apontou como exemplo o facto de algumas Escolas Primárias Completas (EPC) terem passado a leccionar o nível secundário, como escolas anexas, usando professores primários, sem que, para o efeito, tivessem as qualificações compatíveis com o novo nível que passaram a leccionar.
“Com o ensino secundário a crescer, podemos dizer, de forma descuidada, não havia controlo e os professores do ensino primário acabavam dando aulas do nível secundário”, disse o Ministro, acrescentando que grande parte dos docentes de nível secundário não possui qualificações para o efeito.
Por outro lado, o governante referiu que a qualidade dos alunos do ensino secundário também foi influenciada pela superlotação das salas de aulas, havendo casos de escolas da província central da Zambézia onde um professor chegou a leccionar turmas de 120 a 130 alunos.
Além disso, o Ministro falou dos alegados estudantes da Universidade Pedagógica que se encontram a leccionar em algumas escolas mesmo tendo os seus cursos de licenciatura ou de bacharelato como as suas prioridades. Por outro lado, Martins atirou a culpa a fraca gestão escolar, muitas vezes ausente na supervisão das aulas, assiduidade dos professores, entre outros factores que contribuem para o cumprimento do programa escolar.
“Tivemos que satisfazer uma pressão da procura de vagas nunca antes vista, mas não tínhamos capacidade para responder a essa necessidade… agora temos que procurar solucionar esse problema”, disse o Ministro, manifestando o seu optimismo em se solucionar esses problemas desde que cada actor da sociedade assuma as suas responsabilidades.