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Repressão a protesto na Guiné deixa 87 mortos

Ao menos 87 pessoas morreram na segunda-feira em Conacri, capital da Guiné, quando as forças de segurança dispararam contra um protesto da oposição, revelou uma fonte policial à AFP. “Há 87 corpos que foram retirados de dentro e das imediações do estádio (em Conacri) após a passagem dos militares”, indicou uma autoridade da Polícia que pediu para não ser identificada.

“Neste momento, há 47 corpos no campo (militar) Samory Touré (em Conacri), incluindo os de quatro mulheres, que serão enterrados esta noite”, revelou a fonte. As residências de dois líderes da oposição, Cellou Diallo e Dallein Sydia Toure, feridos durante a repressão ao protesto, foram saqueadas por militares, indicaram testemunhas à AFP.

“Os militares chegaram às 21h00 e estão a saquear a casa de Sydia Touré”, disse um dos seguranças da residência, pouco depois das 22h00. Os jornalistas locais confirmaram a informação. A esposa e os filhos do líder da União das Forças Republicanas (UFR, oposição) e o ex-primeiro-ministro estavam ausentes. Algumas horas antes, a casa de Diallo, outro ex-primeiro-ministro, também foi saqueada pelos militares, disseram testemunhas. Em ambos os casos, os militares “levaram tudo”, segundo as testemunhas. Sidya Touré, ferido na cabeça, revelou que “havia uma vontade deliberada de nos eliminar, os opositores” Cellou Diallo, candidato presidencial e dirigente da União das Forças Democráticas da Guiné (UDFG), teve duas costelas quebradas e levou coronhadas na cabeça.

Os dois líderes da oposição foram levados ao campo militar Alpha Yaya Diallo, sede da Junta, e depois enviados a um hospital. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, deplorou o uso excessivo da força contra os manifestantes, e pediu moderação às forças de segurança. O líder da ONU exortou “as autoridades nacionais e as forças de segurança da Guiné a respeitar o estado de direito, especialmente os direitos humanos fundamentais”.

Os incidentes ocorreram no Estádio 28 de Setembro, onde milhares de manifestantes se reuniram para rejeitar à eventual candidatura do chefe da Junta Militar, capitão Mussa Dadis Camara, à eleição presidencial de janeiro. Após a dispersão violenta da manifestação pelas forças da ordem, 58 corpos foram levados para o necrotério do centro hospitalar universitário de Donka, em Conacri, revelou à AFP um médico, que não quis se identificar.

Outra fonte médica revelou ao correspondente da AFP que um caminhão militar veio buscar “dezenas de corpos” no hospital Ignace Deen, também em Conacri, para levá-los “a um lugar desconhecido”. O jornalista da AFP viu pelo menos 10 corpos com impactos de balas no chão do estádio 28 de Setembro. Segundo um membro da Cruz Vermelha, as autoridades estão tentando “esconder os corpos das vítimas” da repressão.

“Os chefes do exército pediram que todos os corpos sejam levados para a base militar Alpha Yaya Diallo, e não para os necrotérios”. A Junta Militar tinha proibido a manifestação, oficialmente para não perturbar a ordem pública antes da festa da independência, no dia 2 de outubro.

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