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Renamo recusa convite de Guebuza para um diálogo nesta sexta-feira em Maputo

A Renamo não aceita o convite do Presidente da República, Armando Guebuza, para um encontro com Afonso Dhlakama, na sexta-feira (08), em Maputo, supostamente porque não recebeu nenhum ofício enviado pelo gabinete do Chefe do Estado para o efeito nem sabe onde está o seu líder, que desde o “assalto” à sua base em Sathundjira, pelas Forças de Defesa e Segurança, é dado como fugitivo e em parte incerta.

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Referindo ao convite de Guebuza, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse, esta terça-feira (05), em conferência de Imprensa, que a sua formação política está indignada pelo facto de a Comunicação Social estar a ser usada para uma campanha de propaganda política sem o respeito, mínimo de ética e humanismo pelo sofrimento alheio.

Ainda sobre a pretensão do Chefe do Estado de estar frente a frente com o líder da Renamo, Fernando Mazanga considerou que o convite foi formulado com tamanha frieza, o que é caricato para alguém que escapou da morte por um milagre de Deus, depois de ter sofrido um ataque protagonizado pelas Forças de Defesa e Segurança. E nem há condições para a Dhlakama chegar a Maputo ido de onde estiver.

Para a “Perdiz” a solicitação do Presidente da República para o diálogo com o maior partido da oposição em Moçambique, visa três objectivos: “primeiro, tentar lançar a culpa ao presidente Dhlakama sobre a não realização do tal encontro já que nas manifestações da semana passada o povo pediu diálogo sério e produtivo. Segundo, para justificar o ataque demolidor ora planificado. Terceiro, dar tranquilidade ao processo das eleições autárquicas, uma vez que estão (o Governo e a Frelimo) conscientes de que o povo não quer votar em ambiente de tensão político-militar”.

“Ficámos deveras surpreendidos com este convite que nos soa a cinismo porque não queremos acreditar que o Presidente da República não saiba em que condição se encontra o presidente Afonso Dhlakama, depois do ataque e ocupação da sua residência em Satundjira e do recente ataque e ocupação da sua residência na cidade da Beira pelas forças governamentais.”

Nesse contexto, a Renamo, segundo o seu porta-voz, equipara o convite de Guebuza a um doce envenenado. E para além de ser chacota, o momento não se compadece com piadas. “Estamos com o país em clima de tensão, que exige sabedoria e seriedade e não jogadas de propaganda política. O povo está a sofrer, pelo que urge que se use a sabedoria para o estabelecimento de um ambiente de paz, de harmonia e de convivência na diversidade”.

Num outro desenvolvimento, Mazanga disse que se na verdade há interesse por parte de Guebuza para se encontrar com Dhlakama, deve ordenar, imediatamente, a cessação dos ataques e perseguição que o exército está a mover à figura do líder da Renamo.

“Qual é o rácio de se fazer uma escalada militar, de grande envergadura, e, por outro lado, fazer o convite para um encontro? Neste momento, estão a ser descarregadas toneladas e toneladas de armamento bélico no distrito de Gorongosa para a tal operação que de deve ser feita com rigor, eficácia e eficiência, segundo Edson Macuacua”.

De acordo com Mazanga, o referido ataque militar a ser protagonizado pelo Estado moçambicano contra Dhlakama já inclui a mobilização de forças externas. E para isso o Governo já quer presença de estrangeiros mas para a mesa de negociações quer o contrário. “Que incongruência!”

O maior partido de oposição em Moçambique indicou ainda que está preocupado com o facto de alguns países darem a entender que apoiam o belicismo do Estado sob capa de estarem a defender os moçambicanos, pondo de lado que “a Renamo é de moçambicanos que defendem a política activa exigindo processos eleitorais transparentes”.

Na tentativa de fundamentar esse pronunciamento, Mazanga disse que um comandante de artilharia zimbabweana foi chamado pelo Governo moçambicano para iniciar operações militares nesta terça-feira, devendo terminar na sexta-feira (08) com a captura de Dhlakama vivo ou morto. “Nós somos pelo diálogo sério, fraterno e de resultados palpáveis e não propaganda para colher dividendo políticos e legitimar a realização de eleições autárquicas que excluem a maioria dos moçambicanos”.

Os ataques continuam

Enquanto a Renamo e o Governo não se entendem, a tensão político-militar tende a alastrar em Moçambique o o povo sofre as consequências. Na manhã desta terça-feira, pelo menos 15 soldados das forças governamentais contraíram ferimentos numa emboscada protagonizada por homens armados, alegadamente da Renamo, na região de Vunduzi, na província de Sofala. Fontes não oficiais reportam a existência de cinco soldados mortos e feridos com gravidade, os quais foram transferidos para os hospitais das cidades da Beira e de Chimoio.

Na segunda-feira (04), informações não confirmadas davam conta de que as Forças de Defesa e Segurança atacaram, de manhã, uma posição alegadamente da Renamo na zona de Murreremba, no distrito de Murrumbala, na província da Zambézia. Suspeitava-se Afonso Dhlakama estivesse escondido no local.

No domingo (03), um camião de carga foi também atacado por homens armados junto à ponte sobre o rio Púnguè, na Estrada Nacional número seis, por volta das 13 horas. Houve feridos e danos materiais.

Na quinta-feira passada (01), houve um ataque armado a um camião na região de Zove. O veículo estava numa coluna que partia do Save, na Estrada Nacional número Um. O motorista morreu no local.

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