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Renamo diz que quer “regiões autónomas” e não dinheiro para se manter calada

Renamo diz que quer “regiões autónomas” e não dinheiro para se manter calada

A solução para a actual situação política em Moçambique é o regime e a Renamo governarem juntos com vista à reformulação do Aparelho do Estado para se evitar que a Frelimo governe a seu bel-prazer, não havendo tempo para esperar pelas próximas eleições nem dinheiro que impeça a criação das “regiões autónomas”, segundo António Muchanga, porta-voz de Afonso Dhlakama, em entrevista ao @Verdade, na sexta-feira (06), um dia antes do primeiro frente-a-frente entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e Afonso Dhlakama, em Maputo.

No seu estilo característico, de faltar sem rodeios nem contemplações, António Muchanga disse que a sua formação política gostaria de ver reformulado o Governo, sobretudo o Ministério da Administração Estatal e Função Pública, que no seu entender decide tudo o que acontece no Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), onde pululam quadros provenientes daquele sector dirigido por Carmelita Namashulua. É seu desiderato, também, ver transformada a dinâmica dos órgãos da Justiça, Procuradoria- Geral da República, Polícia e Saúde.

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“Dissemos que as regiões onde a Renamo ganhou (Sofala, Tete, Manina, Zambézia, Nampula e Niassa) devem ser dirigidas de forma autónoma porque o povo não aceita ser governado por quem não votou nele. Não quer ser governado por um ladrão. O princípio que nós queríamos era que governássemos todos juntos, do topo à base. O presidente da Frelimo disse que isso era anarquia. Para Guebuza, ter elementos da Renamo no Governo Central, provincial, distrital, posto administrativo, do Rovuma ao Maputo, é um mal maior. Então, vamos dar- -lhes um mal menor. Eles têm de escolher um dos males; por isso, vamos governar onde a Renamo obteve a maioria, incluindo Cabo Delegado, a pedido da população”, afirmou Muchanga.

Questionámos ao nosso interlocutor sobre o que poderá acontecer se o Governo não aceitar a criação de “regiões autónomas”, tendo este dito que “quem vai decidir são as multidões” que seguem Afonso Dhlakama nos seus comícios populares. Aliás, ele acrescentou que o que o seu partido exige não é novidade no mundo: já aconteceu na vizinha África do Sul, por exemplo.

“Não há que esperar pelas próximas eleições. Já não podemos esperar mais, o tempo urge. Já deixámos a Frelimo governar em 94, 99, 2004 e 2009. No lugar de reformar o Estado está a aperfeiçoar os mecanismos de roubo (…)”, foi com estas palavras que Muchanga respondeu ao @Verdade, quando esta equacionou a possibilidade de o Executivo pedir à Renamo para que espere até a realização da próximas eleições, enquanto se criam condições para se acomodar as suas pretensões.

Na esfera pública, especula- -se que Afonso Dhlakama tem recebido dinheiro do Estado para abandonar algumas exigências e deixar o regime governar à vontade. Há dias, Gilles Cistac, professor catedrático de Direito Constitucional e director-adjunto para a investigação e extensão na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), disse numa entrevista a este jornal que se Dhlakama abandonar a ideia de criar “regiões autónomas”, o Executivo dar-lhe-ia alguma coisa, pois “não pode sair sem nada”.

Confrontado com esta questão, Muchanga baixou o tom e declarou: “Esta questão não é financeira. Ultrapassa dinheiro isso. Nós não queremos dinheiro”. Adiante, ele mudou de pele, ganhou vigor e perguntou em voz alta: “Você pensa que eu tenho falta de emprego (…)?O que nós queremos não é dinheiro, é lealdade com o compromisso democrático que prometemos ao povo moçambicano”.

Procurámos saber do nosso entrevistado se a “Perdiz” continuaria ou não a falar de “regiões autónomas” se Filipe Nyusi tivesse dado à Renamo algumas pastas ministeriais das 22 que constituem o seu Executivo. Muchanga esqueceu- se do princípio de governar “todos juntos, do topo à base”, e disse que “não sei o que é teria sido isso, porque o que o presidente Dhlakama está a exigir não é a criação de ministérios para a Renamo. É um encontro entre as duas lideranças políticas, haver reconhecimento de que as eleições não decorreram da melhor maneira e encontrarmos uma maneira de juntos gerirmos o país. Aqui não há nenhum programa que tenha sido sufragado pelo povo (…)”, mas, sim, “pela Comissão Nacional de Eleições (…)”, que retirou os votos de um e deu ao outro.

“Tendo em conta esta situação e não havendo condições para repetir as eleições, porque custam dinheiro, não há garantia de que esta mesma Comissão Nacional de Eleições, o STAE e o Conselho Constitucional vão assegurar que haja transparência, encontremos um mecanismo de repousarmos um pouco, reformarmos as instituições e recolhermos fundos para podermos avançar para as eleições credíveis”. Foi assim que surgiu a ideia de um “governo de gestão”, a qual se extinguiu e deu lugar a “regiões autónomas”, de acordo com Muchanga. Este explicou ainda que o tipo de gestão que anseia não devia incluir os candidatos às presidências. Estes ficariam de fora e encontrar-se-ia um Primeiro- -Ministro neutro, coadjuvado por elementos da Renamo, Frelimo e do MDM, para dirigir o país.

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