A partir da próxima segunda-feira (14), a continuidade o diálogo político entre o Governo e o maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, poderá ser condicionado à presença dos chamados facilitadores nacionais, uma situação a ser imposta pela delegação da “Perdiz”. Esta é a forma encontrada pelo partido de Afonso Dhlakama para pressionar o Executivo a ceder quanto à entrada de uma terceira força neste diálogo que dura a mais de cinco meses sem consenso.
A delegação da Renamo anunciou, à saída de 23ª ronda, esta segunda-feira (07), que terminou sem consenso, que a partir da data acima apontada o trabalho das duas delegações, no Centro de Conferência Joaquim Chissano, na capital moçambicana, onde decorrem os habituais encontros, só poderá iniciar com a presença de facilitadores nacionais na mesa diálogo.
A presença de facilitadores é argumentada, de forma insistente, pela Renamo como sendo uma forma de dar dinâmica ao diálogo, pois aqueles poderão ajudar as partes a alcançar o tão desejado consenso. Saliente-se que a Renamo apontou o líder religioso Dom Dinis Sengulane e o académico Lourenço de Rosário como sendo as pessoas aptas para mediar o diálogo. Contudo, está aberto o espaço para o Governo convidar outras personalidades que considerar que reúnem melhores condições, se assim entender.
O chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, esclareceu a posição da sua equipa em relação ao próximo encontro dizendo que: “estaremos na sala de negociações, mas o trabalho só irá começar com a presença de facilitadores”.
Confrontado com o facto de o encontro desta segunda-feira ter terminado sem que as partes tivessem colhido entendimento em relação a essa matéria, Macuiane argumentou que existem outros canais de comunicação que podem ser usados para que até a próxima ronda os facilitadores tenham sido já convidados a se fazerem presente no diálogo. “Queremos alguém que possa trazer calor a esse debate,” disse Macuiane.
A delegação governamental liderada por José Pacheco continua renitente em relação a essa matéria, pois considera não haver ainda necessidade de inclui outros actores no diálogo. “A Renamo tem a liberdade de se fazer assessorar por qualquer pessoa,” disse Pacheco explicando que do lado de Governo ainda há capacidade de lidar com o assunto ao nível em que está a decorrer.