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Relegados ao abandono lugares e monumentos historicos

Os lugares e monumentos históricos e culturais constituem vectores de atracção turística e de arrecadação de receitas, mas em Angoche o panorama é inverso. Pois, as autoridades governamentais manifestamse insensíveis a essa realidade, muito embora se confrontem com dificuldades orçamentais para investir em acções de manutenção e conservação dos mencionados patrimónios, que se encontram em confrangedor desmoronamento.

O distrito de Angoche é detentor de uma preciosidade que, segundo as populações locais, nenhum outro do país possui. Conhecida por pilão magico e esculpida duma arvore cuja espécie se encontra localizada na Ilha de Catamoio, a referida preciosidade muda constantemente de posição acompanhando o movimento do sol. O pilão magico encontra-se na residência de Farlá, líder supremo dos cotís, tribo originária de Angoche, cuja notoriedade foi alicerçada na valentia demonstrada nas batalhas travadas contra a dominação colonial portuguesa.

Abraão João, chefe da repartição de Cultura, juventude e desportos na direcção dos Serviços Distritais de Educação em Angoche, reconheceu que aquele lugar e muito menos o pilão nunca beneficiaram de trabalhos de restauro há vários anos, situação decorrente da exiguidade de fundos anual para o funcionamento da instituição. A nossa fonte referiu que foram declarados monumentos e locais históricos culturais em Angoche aqueles cujo surgimento ou edificação aconteceu antes do ano de 1920 , entre os quais se destacam o cemitério municipal, o edifício da cadeia civil e a igreja Luís de Gonzaga de Malatane, localizados na área municipal.

Nesse lote, incluem-se, ainda, o farol de Sangaje, a mesquita e o campo do sultão Hassane Yossufo na Ilha de Catamoio, e a muralha que protegia o edifício de pedra e cal construído, em 1820, pelo mwené Mpathe, dignitário do poder tradicional, com quartos individuais para as 16 esposas. Abraão João referiu que o edifício da administração distrital e do palácio do administrador são, de igual modo, considerados monumentos históricos pelo facto dos trabalhos da sua edificação terem iniciado no ano de 1919 através de mão de obra de negros escravos mobilizados na região sul da província de Nampula.

Concretamente, são os únicos edifícios relacionados com a história e cultura dos angochianos que, em algum momento, beneficiaram de obras de restauro em virtude de, presentemente, acomodarem serviços do governo distrital. O entrevistado anotou que, a pesar da existência de um plano do governo distrital para a restauração dos espaços e monumentos histórico-culturais locais, ainda não foi dado, até ao momento, nenhum passo tendente à sua concretização, devido, alegadamente, ao desinteresse dos respectivos parceiros em financiar a execução das actividades previstas.

Abraão João observou que se nenhum dos edifícios históricos se desmoronou, apesar da ausência de trabalhos de restauro, deve-se, fundamentalmente, à consistência do material usado na sua edificação. Mas, a continuarem no estado de abandono em que se encontram votados, acabarão por ruir a qualquer momento, advertiu o nosso entrevistado.

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