As empresas sul-africanas do ramo agro-pecuário (farmas) recrutaram 319 moçambicanos, na província de Maputo, para aquele país, durante o mês de Agosto do ano em curso, para trabalharem em diferentes projectos agrícolas, dos quais 14 foram do sexo feminino, através de admissões directas nas respectivas empresas.
O processo de admissão de trabalhadores moçambicanos em algumas empresas agrícolas da África do Sul conheceu muitas facilidades e celeridade nos últimos tempos, sobretudo desde a visita que a ministra moçambicana do Trabalho, Maria Helena Taipo, efectuou àquele país, em Abril de 2010, que resultou na assinatura de alguns memorandos de entendimento com empresas do ramo agrícola e mineiro, como foi o caso da empresa ZZ2, localizada em Tzanin, província do Limpopo, com o objectivo de incrementar o recrutamento de mais trabalhadores moçambicanos, incluindo para a melhoria de condições contratuais e de trabalho.
Desde então, a empresa tem vindo a recrutar mais moçambicanos para os diversos projectos, facto que contribuiu para que o número de moçambicanos a trabalhar naquela região subisse sobremaneira. Até à visita da governante moçambicana, a ZZ2 contava com 900 moçambicanos e com uma perspectiva de atingir o número de 2.000 trabalhadores, no âmbito da licença que ostenta, válida por um período de cinco anos.
A província de Gaza tem sido a que recruta mais trabalhadores para as farmas sul-africanas, mais concretamente através da fronteira norte, que dá entrada à Província sul-africana de Limpopo. Este ano, cerca de 400 trabalhadores moçambicanos foram legalizados pela ZZ2 em Gaza, cujo processo decorreu na fronteira de Pafúri, em Chicualacuala.
Entretanto, e não obstante esta vontade e facilidades reforçadas pelo memorando, a farma ZZ2 mostrou-se preocupada em relação a alguns aspectos comportamentais de alguns trabalhadores por si recrutados em Moçambique, os quais mal celebram contratos de trabalho e ficam legalizados na África do Sul, com o visto de trabalho garantido, abandonam a empresa e empregam-se noutros ramos de actividade ou regiões.
Outros trabalhadores, logo que recebem os primeiros salários, fazem compras daquilo que acham prioritário para as suas vidas e regressam a Moçambique, antes de cumprirem com os contratos na sua totalidade.
A delegação moçambicana do Ministério do Trabalho na África do Sul, face à situação, tem estado a levar a cabo um trabalho de consciencialização e de explicação aos trabalhadores, com vista a virar o cenário, mostrando-lhes as vantagens que tiram da sua ida àquele país, legalmente, bem como tendo em conta o esforço que a empresa ZZ2 tem empreendido para legalizar trabalhadores estrangeiros outrora em situação ilegal naquele país, incluindo os moçambicanos, através de fundos da companhia.
O mesmo trabalho está a ser feito pelo governo provincial de Gaza, junto das empresas e das autoridades de Limpopo, com quem tem excelentes relações de cooperação bilateral.
Moçambique conta com cerca de 6 mil trabalhadores em diferentes companhias agrícolas sul-africanas, oficialmente recrutados e registados, através de memorandos de entendimento, enquanto perto de 40 mil trabalhadores estão vinculados ao sector mineiro, estes últimos recrutados no âmbito do Acordo bilateral que oficializa o envio da mão-de-obra moçambicana para aquele sector, desde o ano de 1964.