Chefes tribais somalis reiniciaram neste domingo sua mediação para obter a libertação do capitão americano retido há cinco dias por piratas no Oceano Índico, no momento em que um rebocador italiano capturado no sábado com 16 tripulantes a bordo se dirigia para a costa.
Um chefe tribal de Garacad, uma das bases dos piratas na região de Puntland (nordeste da Somália), anunciou à AFP o reinício das negociações para a libertação do capitão Richard Phillips, refém de quatro piratas num bote salva-vidas em pleno oceano.
“Os chefes tribais deixaram a aldeia de Garacad sábado a meia-noite para retomar as negociações”, declarou à AFP este chefe tribal, Mohamud Jamad. “Sábado, os piratas exigiram ser libertados depois de soltarem o capitão, mas os americanos disseram que os entregariam às autoridades de Puntland. É por isso que as negociações fracassaram”, explicou.
Um responsável no porto de Bosasso, capital econômica de Puntland, confirmou à AFP o reinício das negociações, destacando que “a situação permanece incerta”. “Não sabemos como essa história vai acabar”, comentou.
O Maersk Alabama, um navio de transporte de contentores com 20 tripulantes americanos a bordo, foi atacado quarta-feira às 05H00 GMT por piratas ao largo do litoral da Somália, no Oceano Índico. Em circunstâncias ainda não esclarecidas, a tripulação conseguiu retomar o controle do navio na noite de quarta-feira. Somente o capitão Phillips continua em poder dos piratas, a bordo de um bote salva-vidas estreitamente vigiado pelo Exército dos Estados Unidos.
O Maersk Alabama e o restante da tripulação chegaram sábado a seu destino inicial, o porto queniano de Mombassa. Muito ativos em 2008, os piratas somalis voltaram a atacar na semana passada, apesar dos navios de guerra de todo o mundo mobilizados na área. Esta recrudescência dos ataques, após um início de 2009 relativamente calmo, se deve às condições meteorológicas favoráveis e à aquisição pelos piratas de equipamentos mais modernos, graças ao dinheiro dos resgates de 2008.
O Buccaneer, um rebocador italiano com 16 tripulantes a bordo – 10 italianos, cinco romenos e um croata – foi capturado sábado no golfo de Aden. Em apenas uma semana, os piratas também sequestraram um barco britânico, um taiwanês, um alemão e um iemenita.
Neste domingo, os piratas em poder do Buccaneer se dirigiam para a aldeia de Lasqorey, no golfo de Aden. “O rebocador está seguindo para Lasqorey com mais de dez piratas a bordo. Ele é escoltado por três lanchas”, declarou à AFP um dos líderes dos piratas, que não quis ser identificado, em Eyl, o principal feudo dos piratas em Puntland. A informação foi confirmada à AFP por um comerciante que vendeu combustível a este grupo de piratas.
Sexta-feira, o Exército da França conduziu uma operação de resgate no veleiro francês Tanit, capturado por piratas no golfo de Aden. Um refém e dois piratas morreram durante a ação. Os quatro reféns libertados devem chegar a Paris neste domingo.