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Guerrilha do Sendero Luminoso mata 13 soldados no Peru

Treze militares peruanos foram mortos numa dupla emboscada atribuída a guerrilheiros do Sendero Luminoso, no ataque mais sangrento dos seis últimos meses, que mostra que o Exército do Peru tem dificuldades para expulsar os rebeldes, agora ligados ao narcotráfico, das regiões de plantações de coca do sudeste do país.

As duas emboscadas aconteceram em um intervalo de poucas horas na noite de quinta-feira, e tiveram como alvos dois comboios militares. Ambas foram perpetradas numa área de selvas e montanhas perto de Sanabamba, no departamento de Ayacucho, 550 km ao sudeste de Lima. Um capitão, um suboficial e 11 soldados morreram durante os ataques dos guerrilheiros, que utilizaram dinamite e granadas, anunciou sábado à imprensa o ministro da Defesa, Flores Araoz, destacando que “a maioria dos soldados caiu em um barranco”.

A dupla emboscada é a operação mais mortífera atribuída ao Sendero Luminoso desde outubro passado, quando um ataque cometido na mesma região deixou 14 vítimas, sendo 12 militares e dois civis. O ataque de outubro foi o pior cometido pelos movimentos guerrilheiros em uma década, desde os últimos fogos do conflito entre o Sendero Luminoso (maoísta), o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA, guevarista) e os governos peruanos sucessivos, que deixou 70.000 mortos e desaparecidos entre 1980 e 2000.

O líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzman, capturado em 2002, foi condenado em 2006 à prisão perpétua. No entanto, forças de segurança e remanescentes das guerrilhas protagonizaram vários enfrentamentos nos últimos anos no sudeste do país, no vale do Apurimac Ene e na floresta de Vizcatan, feudo do Sendero.

De acordo com as autoridades, os movimentos guerrilheiros peruanos se associaram aos traficantes de droga, a quem oferecem proteção. O Peru é o segundo produtor mundial de cocaína, ficando apenas atrás da Colômbia.

A produção desta droga aumentou em 2007 e em 2008, segundo o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC). As emboscadas recentes se inscrevem em um contexto de retaliação a uma ampla campanha conduzida desde meados de 2008 pelo Exército peruano para recuperar o controle desta região de difícil acesso do sul do departamento de Ayacucho, onde fica a maioria das plantações de coca do país.

“Vamos ganhar a guerra, este ataque não vai abalar as forças armadas”, garantiu sábado o ministro da Defesa, afirmando que os responsáveis pela dupla emboscada são “guerrilheiros do Sendero Luminoso associados ao narcotráfico”.

Para o primeiro-ministro peruano, Yehude Simon, as emboscadas constituem “respostas desesperadas do Sendero Luminoso diante do avanço das forças armadas” na zona de guerra contra o narcotráfico do vale do rio Apurimac Ene.

“Não tenho qualquer dúvida de que esta região será libertada destes terroristas nos próximos anos”, afirmou o chefe do governo peruano, descartando uma mudança de estratégia no setor. Em pouco mais de cinco anos, este vale de plantações de coca, considerado o “coração da droga peruana”, foi o cenário de 21 emboscadas deste tipo, que deixaram pelo menos 68 mortos, sendo 35 militares, 23 policiais e uma dezena de civis, segundo o analista Jaime Antezana, especialista em violência e narcotráfico.

“Estes ataques não são atos isolados, mas sistemáticos. Eles são cometidos por forças rebeldes de grande mobilidade, que vêm reforçando sua presença neste vale do sudeste peruano desde 2005”, declarou Antezana à rádio privada RPP.

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