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Livro de Reclamação: trabalhadores de um restaurante e bar pela descriminação e maus tratos

Saudações, Jornal @Verdade. Somos trabalhadores dum restaurante e bar pertencente ao senhor Aberto João, de nacionalidade portuguesa, sito no bairro Hulene “Expresso”, ao longo da Avenida Julius Nyerere, na cidade de Maputo. Gostaríamos, através do vosso meio de comunicação, de expor as nossas inquietações relacionadas com algumas irregularidades perpetradas pelo nosso patrão e que têm a ver com os maus-tratos e discriminação a que somos sujeitos.

O que mais nos preocupa é a forma desumana com que somos tratados pelo pessoal dos recursos humanos. Somos tratados como escravos e sem o mínimo de respeito pelas nossas vidas. Trabalhamos no referido estabelecimento há mais de cinco anos, dia e noite, mas sem direito a férias. Somos despedidos constantemente sem justa causa e sem direito a uma indemnização pelo tempo de trabalho prestado.

Depois de anos de esforço e dedicação, ajudando o senhor Aberto João a construir o seu império económico, ele, hoje, diz descaradamente que nós não prestamos, somos pobres, desgraçados e vamos morrer como tal. Para ele, o facto de estarmos a trabalhar no seu restaurante é um favor para nós. Preocupa-nos a atitude racista e baixa do senhor Aber- to João em relação aos seus empregados.

Por vezes, ele atribui-nos nomes pejorativos tais como o seguinte: “pretos desgraçados e incompetentes”. Acusa-nos de estarmos a desviar fundos do seu estabelecimento. Em virtude disso, ele sente prazer quando efectua descontos nos nossos míseros salários (2.500 meticais/mês).

Estamos agastados com esta situação. Gostaríamos que pelo menos ele nos tratasse com dignidade e humanismo, porque, afinal de contas, nós garantimos a sua ren- da e dos seus familiares.

Um outro aspecto que nos inquieta é a falta de compromisso por parte do pessoal de recursos humanos. No acto de recrutamento, as modalidades são pouco claras, o que se traduz no facto de não assinarmos nenhum contrato que nos possa dar o privilégio de sermos efectivamente considerados funcionários deste estabelecimento.

A falta de tais documentos impede-nos de recorrer a instâncias jurídicas em caso de injustiça laboral. Tentamos dialogar pacificamente com o nosso patrão, mas ele não nos dá ouvidos.

Resposta

Sobre este caso, o @Verdade contactou Aberto João, proprietário do referido restaurante. Ele negou todas as inquietações apresentadas pelos seus trabalhadores, alegando que os mesmos não são pessoas de confiança. Aliás, ele exigiu que indicássemos os trabalhadores que denunciaram os problemas de que se queixam.

“Eu nunca tratei mal a nenhum desses funcionários que falaram essas barbaridades”, disse acrescentando que os funcionários do seu estabelecimento agem sempre de má-fé com o objectivo de mancharem a sua reputação.

“Mas eles (os trabalhadores) não vão conseguir”. Sobre a segregação racial de que é acusado, Alberto explicou que não é racista e nunca discriminou um funcionário porque ele também é moçambicano igual a todos os outros, mas com a particularidade de os seus pais serem de origem portuguesa.

“Eu sou moçambicano 100%, nunca seria capaz de desprezar o meu próprio irmão”. Num outro desenvolvimento, Alberto disse que existem problemas na sua instituição como em qualquer outra empresa, mas nunca lhe passou pela cabeça que tais “pequenos incidentes” pudessem ser motivo de queixa num órgão de comunicação social.

”Não há casa sem problemas e este é o nosso caso. Os problemas são resolvidos internamente e não foi o que aconteceu”, lamentou Alberto.

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