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Livro de Reclamação: trabalhadora mal tratada por patrão

Saudações, Jornal @Verdade. Chamo-me Joana Matusse e trabalho numa barraca de venda de produtos alimentares, sita no mercado da Malanga, na capital moçambicana. Gostaria, através do vosso meio de comunicação, de expor uma inquietação relacionada com os maus-tratos a que fui sujeita pelo meu ex-patrão, o qual posteriormente me demitiu sem justa causa depois de eu ter negado ir à cama com ele.

Outro problema que me preocupa é não ter auferido o salário referente ao último mês de trabalho e o meu ex-patrão não me dá uma resposta satisfatória. Para a pessoa a que me refiro trabalhei durante cinco anos, durante os quais assediou me sexualmente mas ele nunca lograva as suas intenções de manter relações sexuais comigo, apesar de que também me chantageava.

O meu ex-patrão fazia constantemente ameaças de que ele iria contar à sua esposa que eu o seduzia. Em 2010, ele dispensou-me por um período de duas semanas e disse que só voltaria a trabalhar com ele se eu aceitasse ser amante dele. Recusei sempre submeter-me a essa vergonha. Essa situação deixou-me constrangida e denunciei- a à Polícia. Todavia, em vez de o problema ser resolvido, parece que se agravou na medida em que o meu ex-patrão continuava a tratar-me mal.

O senhor disse que eu devia continuar em casa. Nessa altura, eu recebia o meu salário por intermédio de colegas. Os últimos dois anos de trabalho foram duros porque a nossa relação de empregada/empregador não era saudável e não havia espaço para um ambiente diferente, pois os actos de sedução sexual contra mim persistiam. Para o meu ex-patrão eu continuava a trabalhar para ele porque o caso já estava a correr os seus trâmites legais nas autoridades. Entretanto, no fim de Janeiro passado, sem nenhum desfecho do problema, o senhor resolveu demitir- me e não me remunerou nem recompensou pelo tempo de trabalho.

Quando procurei saber os motivos que concorreram para a minha demissão, ele alegou que já não queria trabalhadores do sexo feminino porque só lhe traziam problemas. Gostaria de saber se nascer mulher é problema e que inconvenientes isso traz para os empregadores. Exijo igualmente o salário referente ao mês de Janeiro e a respectiva indemnização pelo tempo de trabalho.

Resposta

Sobre este assunto, o @Verdade contactou o patrão da nossa reclamante identificado pelo nome de Juvêncio Zunguza. Este negou que Joana Matusse foi demitida sem justa causa. Segundo ele, não existe nenhum patrão que destitui um funcionário sem motivos. “Há várias razões que não posso precisar nesse momento. Mas tudo partiu de um desentendimento relacionado com a prestação de contas uma vez que eu lhe tinha incumbido de todas as responsabilidades referentes ao estabelecimento”, explicou-nos Juvêncio Zunguza, para quem a sua ex-funcionária era desorganizada e chegava sempre tarde ao seu local de trabalho, apesar de que a visada era frequentemente advertida sobre a necessidade de acatar as ordens do empregador.

Relativamente às acusações de que Juvêncio Zunguza assediava sexualmente a sua empregada, ele disse que tal situação não passa de uma mentira grosseira sem cabimento porque ele é casado e chefe de família, por isso, tem a obrigação de se comportar de forma exemplar, sobretudo para os seus filhos e o que Joana Matusse diz não faz sentido nenhum.

O nosso interlocutor disse ainda que qualquer pessoa na situação da sua ex-empregada iria alegar os mesmos problemas para tentar ganhar razão. Contudo, o salário de Janeiro ora em dívida será pago mas não avançou a data para o efeito. Quanto à indemnização, o entrevistado afirmou que não há motivos para tal.

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