Os rebeldes pró-Moscovo disseram que começariam a retirar as armas pesadas da linha de frente no leste da Ucrânia, este domingo (22), mas o governo em Kiev disse que colunas blindadas cruzaram a fronteira da Rússia para reforçar os separatistas, enquanto uma explosão deixou pelo menos dois mortos em Kharkiv.
O exército ucraniano disse que os rebeldes estavam a pressionar com ataques contra as forças do governo perto de Mariupol, um porto nas mãos do governo, que é visto como o próximo grande alvo dos rebeldes.
O porta-voz Andriy Lysenko disse que uma coluna militar que transportava 60 veículos blindados, incluindo tanques, chegaram à cidade de Amvrosiivka a partir da Rússia no sábado.
Um comboio de equipamento militar mais tarde cruzou a fronteira perto Novoazovsk, leste de Mariupol, no Mar de Azov. Ele disse que confrontos estavam em andamento na aldeia de Shyrokyne, leste de Mariupol.
“O confronto continua. Os nossos soldados estão mantendo suas posições”, disse Lysenko, acrescentando que houve um total de 44 ataques de separatistas em toda a zona de conflito nas últimas 24 horas. Na cidade de Kharkiv, duas pessoas foram mortas e mais de 10 ficaram feridas neste domingo, quando um artefato explosivo foi jogado de um carro em uma multidão que participava de uma manifestação pela paz, disseram autoridades ucranianas.
Fonte das forças de segurança e de defesa ucranianas disse que um número não determinado de suspeitos foram presos devido à explosão deste domingo. O Ministério do Interior chamou o ataque de “ato terrorista”. Imagens das emissoras de TV mostraram equipes de emergência carregando o corpo de uma vítima ferida ou morta para uma ambulância.
A polícia disse que duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas. Um procurador regional disse inicialmente que três pessoas morreram, contudo, mais tarde reviu o número para dois.
O protesto deste domingo em Kharkiv foi um de uma série de eventos na Ucrânia que marcam a morte de 100 manifestantes um ano atrás numa revolta que derrubou o presidente pró-Moscou. Mais de 5,5 mil pessoas foram mortas desde então em uma guerra entre as tropas do governo e separatistas apoiados pela Rússia no leste do país.
Um comandante rebelde pró-russo disse que os separatistas iniciariam a retirada de armas pesadas a partir da linha de frente no leste da Ucrânia neste domingo, um sinal de que os rebeldes podem estar preparados para deter seu avanço como parte de um acordo de paz negociado internacionalmente.
Os confrontos diminuíram em muitas áreas que desde o cessar-fogo entrou em vigor há uma semana, mas a trégua foi abalada pela captura de rebeldes na quarta-feira na cidade de Debaltseve, forçando milhares de soldados ucranianos a recuar.
Armamento pesado
Mas os movimentos em direcção da retirada de armas pesadas, junto com a troca de dezenas de prisioneiros com as forças do governo da Ucrânia, no sábado, poderia indicar que os rebeldes pretendem observar a trégua mais plenamente, tendo alcançado um objectivo militar ao dominar Debaltseve.
“O plano foi assinado na noite de ontem… A partir de hoje há duas semanas para retirar as armas pesadas”, disse à agência de notícias Interfax o comandante rebelde Eduard Basurin.
Outra agência de notícias russa, a TASS, disse que a retirada ainda estava a ser organizada, segundo o mesmo comandante, e que a saída efectiva vai ocorrer a partir da terça-feira. Do lado ucraniano, Lysenko disse que não há confirmação sobre se os rebeldes começaram a retirar as armas.