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“Birdman” brilha na cerimônia do Oscar com prémios de melhor filme e realizador

A comédia de humor negro “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” ganhou o mais alto reconhecimento do cinema mundial pela sua representação de Hollywood e dos atores em crise, ao receber o Oscar de melhor filme na cerimónia realizada na noite de domingo. A história dirigida por Alejandro González Iñárritu, de um ex-intérprete de super-herói que tenta uma volta por cima improvável na carreira com uma peça na Broadway, ganhou no total quatro estatuetas entre nove indicações, incluindo para melhor diretor, o segundo consecutivo nesta categoria para um cineasta mexicano.

Aclamado por parecer ter sido filmado numa take único num teatro da Broadway e por misturar fantasia e realidade, o filme, disse Iñárritu, surgiu da vitória da coragem sobre o medo na hora de filmar.

“O medo é o preservativo da vida. Não te deixa aproveitar as coisas”, disse o realizador durante a 87ª edição do Oscar.

A recompensa para a sátira da Fox Searchlight repete uma tradição da Academia de premiar filmes que homenageiam a indústria do entretenimento, como “Argo” e “O Artista” nos últimos anos.

O britânico Eddie Redmayne levou o prémio de melhor actor pela sua minuciosa interpretação do físico Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”, tirando a estatueta de Michael Keaton, que conseguiu um grande retorno ao sucesso em “Birdman”.

Cada um dos oito indicados a melhor filme foi para casa com pelo menos um prémio, mas foi uma noite decepcionante para “Boyhood – Da Infância à Juventude”, no qual Richard Linklater retratou durante 12 anos o crescimento de um menino usando os mesmos atores – um recurso sem precedentes em Hollywood. O filme era indicado em seis categorias, mas só levou uma estatueta.

“O Grande Hotel Budapeste”, uma exuberante travessura de Wes Anderson, conquistou a aprovação dos 6.100 membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que escolhem os vencedores do Oscar, conquistando quatro dos nove prémios para os quais foi indicado.

“Whiplash – Em Busca da Perfeição”, o filme independente sobre um baterista de jazz aspirante e o seu autoritário professor, do diretor Damien Chazelle, ganhou três Oscares.

O único grande sucesso de bilheteria entre os oito, o drama “Sniper Americano”, do diretor Clint Eastwood, que enfoca a Guerra do Iraque, também só levou uma estatueta, na categoria melhor edição de som.

Foi uma noite em que a controvérsia sobre a falta de diversidade entre os indicados aos prémios este ano se tornou tema central.

O apresentador Neil Patrick Harris, que pela primeira vez conduzia a cerimónia, iniciou a sua apresentação com um gracejo sobre a premiação dos melhores “e mais brancos de Hollywood”. Mas o tema da raça também apareceu em tom sério, quando Common e Legend foram aplaudidos de pé e fizeram muitos na plateia chorarem com a sua interpretação de “Glory”, do drama “Selma”, sobre a luta pelos direitos civis nos anos 1960.

“Glory” ganhou o prémio de melhor canção –o único recebido por “Selma”- filme no centro da controvérsia sobre a diversidade por causa da exclusão de actores negros nas quatro categorias de intérprete.

A falta de negros entre os nomeados provocou protestos no Twitter. “‘Selma’ é agora, porque a luta pela justiça é agora”, disse Legend, numa referência aos protestos recentes nos Estados Unidos contra a discriminação dos negros.

JULIANE MOORE E PATRICIA ARQUETTE

Todos os quatro vencedores na categoria de intérprete receberam o seu primeiro Oscar. Redmayne foi aclamado pela crítica por sua performance nas várias etapas de deficiência enfrentada por Hawking, portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA).

“Estou plenamente consciente de que sou um homem de muita, muita sorte”, disse Redmayne. “Este Oscar pertence a todas as pessoas do mundo que enfrentam a ELA.”

Candidata cinco vezes, Julianne Moore ganhou o Oscar de melhor atriz também pela interpretação de uma pessoa enfrentando uma doença, uma mulher sofrendo do mal de Alzheimer em “Para Sempre Alice”.

“Li um artigo que dizia que ganhar um Oscar pode a levar a viver mais cinco anos”, disse a atriz, de 54 anos. “Se for verdade, eu realmente gostaria de agradecer à Academia porque o meu marido é mais jovem do que eu.”

Patricia Arquette ganhou como melhor atriz secundária pelo papel de uma mãe solteira em “Boyhood”, e no seu discurso fez um apelo pela igualdade de direitos e de salários para as mulheres nos Estados Unidos.

J. K. Simmons, depois de décadas de carreira, ganhou o Oscar de melhor ator secundário por interpretar um terrível professor de música em “Whiplash”.

Para o maior evento televisionado não desportivo dos EUA, a Academia de Hollywood procurou atrair espectadores jovens, que talvez não se importem muito com os filmes, mas que poderiam sintonizar a TV para ver os shows exibidos na cerimónia. A ponte entre os jovens e os mais velhos, a diva pop Lady Gaga, foi aplaudida de pé pelo seu mix de músicas de “A Noviça Rebelde”, antes de apresentar a estrela do filme, Julie Andrews.

Harris provocou risos com sua ousada aparição usando apenas cuecas, uma paródia da cena de abertura de Michael Keaton em “Birdman”. Mas algumas de suas piadas não agradaram e a sua estreia como apresentador da cerimónia recebeu tanto críticas como elogios.

O polonês “Ida” conquistou o prémio de melhor filme em língua estrangeira, e seu diretor, Pawel Pawlikowski fez um longo discurso de agradecimento.

O prémio de melhor documentário foi para “Citizenfour,” da diretora Laura Poitras, sobre o ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, que vazou informações sobre programas secretos de vigilância em massa.

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