A Rádio Moçambique (RM), emissora pública de radiodifusão, debate no seu XV Conselho Consultivo, que decorre sob o lema “Formação Pela Qualidade Rumo a Migração Digital”, os desafios que se colocam à instituição no âmbito da transição da tecnologia analógica à digital.
Em 2006, um grupo de 118 de países, incluindo Moçambique, assinou um acordo sob a égide da União Internacional das Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), comprometendo-se a licenciar e apoiar transmissões digitais terrestres até 17 de Junho de 2015. Segundo esta instituição, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), isso permitirá a transmissão de som e imagens de alta qualidade, maior velocidade na transmissão de dados e novos serviços móveis sem fio como televisores portáteis.
Falando na terça-feira na vila fronteiriça da Namaacha, província de Maputo, durante a sessão de abertura do evento, Felisberto Tinga, director do Gabinete de Informação de Moçambique (GABINFO), disse que a partir do lema adoptado pelo XV Conselho Consultivo, depreende-se que a evolução da Rádio Moçambique depende fundamentalmente da qualidade do factor humano impostas pelas transformações em curso. Por isso, disse Tinga, a valorização dos recursos humanos deve constituir a grande preocupação da empresa, de forma a qualificá-los com vista a melhorarem continuamente o seu desempenho, dominando as novas tecnologias.
“Graças a evolução dos sistemas tecnológicos, vários países do mundo possuem, hoje, alguns serviços especializados, como a assistência médica, por exemplo, por via telefónica, para além de emissões televisivas e radiofónicas seguras e de qualidade graças ao sistema digital”, explicou o director do GABINFO. Prosseguindo, Tinga disse que no caso concreto de Moçambique, esta migração enquadra-se no contexto das transformações técnicas que o mundo está a operar, existindo prazos que internacionalmente terão que ser cumpridos e decisões políticas cruciais sobre vários aspectos a serem tomados, com vista a salvaguardar os interesses dos moçambicanos. Estas transformações, acrescentou Tinga, implicam o dispêndio de somas avultadas de dinheiro.
Contudo, esta é uma situação inevitável, pois “Moçambique não pode ficar a margem ou contornar a migração do analógico para o sistema digital, porque isso poderia traduzir-se em prejuízos incalculáveis a todos os níveis”. “Para ser mais exacto, estaríamos como que desconectados do resto do planeta”, vincou Tinga. Sobre os desafios que se colocam a RM, o director do GABINFO disse que para uma transição efectiva do sistema analógico para o digital, cada sector tem que fazer a sua quota-parte.
“No caso concreto da RM, as suas responsabilidade são a dobrar, pois por um lado, terá que transformar-se ela própria em termos tecnológicos e humanos para poder operar nesse novo sistema”, rematou. Na ocasião, Tinga também abordou o contrato- programa, assinado entre o Governo e a RM para o período 2006-2010, cujas acções estão viradas à extensão da cobertura radiofónica nas zonas rurais, a cobertura informativa aos distritos, apoio às rádios comunitárias, melhoria da qualidade de recepção das emissões, bem como o alargamento da base de receitas próprias e o desenvolvimento de um sistema de estabilização económicofinanceira da empresa para garantir a sua sustentabilidade.
Outros temas que deverão ser debatidos pelo Conselho Consultivo da RM, incluem a identificação dos constrangimentos para a implementação do novo plano quinquenal, desenvolvimento técnico, investimentos, manutenção e aprovisionamento, desenvolvimento e gestão, bem como gestão de recursos humanos e financeiros. Sobre a programação da RM, Tinga destacou a importância de se continuar a priorizar a divulgação das preocupações dos cidadãos e disseminação dos programas, bem das políticas governamentais. “Através de programas tecnicamente bem concebidos, a Rádio Moçambique pode dar um grande contributo para a eliminação da pobreza urbana e, ainda, a elevação da consciência de cidadania e auto-estima do público ouvinte”, vincou.
Tomando a palavra, o presidente do Conselho de Administração da RM, Ricardo Malate, disse que o Conselho Consultivo deveria servir de uma base para o reforço do papel da emissora nacional no contexto das grandes prioridades nacionais, tais como o combate a pobreza e o desenvolvimento socio-económico do país. Malate, disse que 2009 vai ficar na historia da RM como do inicio de duas grandes obras de construção civil, nomeadamente o início da construção do primeiro centro de produção padronizado do Emissor Provincial de Gaza, em Xai-Xai e do Centro Emissor de Catembe N’sime, em Matutuine, na província de Maputo.
“Uma vez concluídas, as duas obras marcarão épocas distintas, sendo no primeiro caso, a época dos edifícios construídos especialmente para a produção e no segundo caso, a época de emissores não assistidos e das transmissões digitais”. Com relação ao presente ano, Malate destacou a elaboração de um novo contracto programa com o governo, a passagem do Emissor Provincial da cidade de Maputo para a cidade da Matola, província de Maputo, bem como as celebrações do 35/o aniversário a RM.
O evento, com uma duração de três dias, conta com a participação de membros do Conselho de Administração da RM, directores executivos, delegados dos emissores provinciais, chefes de departamento e de serviços, quadros e técnicos superiores e demais convidados.