Pelo menos 500 crianças da 1a à 7a classe na Escola Primária Completa de Mutomote, na cidade de Nampula, estudam debaixo das árvores devido à falta de instalações, um problema que se verifica há cincos anos e que, para além da incapacidade das autoridades de construir mais salas de aulas, é agravado anualmente pelo aumento do número de alunos inscritos.
Em todo o país existem milhares de instruendos que não sabem o que é ter aulas numa sala nem sentar-se numa cadeira frente a uma carteira. Eurico Banze, porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, disse que mais de 160 escolas de diferentes subsistemas de ensino foram destruídas total ou parcialmente pelas chuvas que fustigam as províncias de Nampula e Cabo Delgado.
Só em Nampula, de acordo com Banze, que falava para a Rádio Moçambique, mais de 30 mil educandos foram forçados a interromper as aulas, mas o ministério alocou tendas e orientou os gestores das escolas para que retomassem as lições na segunda-feira (16) em locais tais como igrejas, instituições públicas e privadas, bem como debaixo das árvores.
Todavia, os pais e encarregados de educação dos meninos da Escola Primária Completa de Mutomote contaram que já se queixaram, várias vezes, do facto de os seus filhos assistirem às aulas ao ar livre enquanto todos os anos desembolsam dinheiro para a melhoria das condições de ensino.
Nada muda e a direcção daquela escola só avança promessas que nunca se concretizam. António Manuel, representante dos pais e encarregados de educação daquele estabelecimento de ensino, narrou que as promessas de construir mais salas de aulas com base nos montantes colectados não passa de uma falácia. Nenhum responsável pelos miúdos que frequentam aquela escola está disposto a ouvir mais desculpas; por isso, exige-se a devolução do valor.
“Temos acompanhado que a capacidade de aprendizagem dos nossos filhos vai de mal a pior”, disse o nosso entrevistado, acrescentando que no dia de intempéries as crianças não têm tido aulas e, consequentemente, o professor não cumpre o plano pedagógico estabelecido pela escola. “Por falta de espaço, outras turmas funcionam nas imediações de um aterro sanitário e os petizes correm o risco de contrair doenças”.
A Escola Primária Completa de Mutomote inscreveu para o presente ano lectivo cerca de três mil alunos da 1ª à 7ª classe. Sobre o problema levantado pelos pais e encarregados de educação, o @Verdade contactou a direcção do estabelecimento de ensino em alusão, mas o dirigente não se quis pronunciar, alegadamente por falta de autorização das autoridades da Educação em Nampula, onde mais de 21 mil alunos estudam debaixo de árvores por falta de salas de aulas, em resultado da chuva que cai desde Dezembro passado.