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“Quero institucionalizar a capulana e o mussiro”

“Quero institucionalizar a capulana e o mussiro”

Lúcia Máquina, de 26 anos de idade, é uma jovem multifacetada. Estudante de Marketing e radialista de profissão, ela agora decidiu abraçar a moda. Diga-se em abono da verdade, é uma estilista de mão cheia que já está a deixar as suas marcas no mundo de “corte e costura” na cidade de Nampula.

Depois de ter visitado países como a Dinamarca, Angola, Portugal e Holanda, onde participou em alguns eventos de moda, as atenções da jovem radialista Lúcia Máquina estão viradas para a arte de criação de modelos de roupa e promoção da capulana e trajes que identi ficam o povo macua.

Ou seja, foi graças àquelas viagens que Lúcia ganhou o gosto pela moda e a vontade de promover o traje do povo macua que muitas vezes é associado aos árabes. O seu principal desa fio é conseguir institucionalizar o uso da capulana e do mussiro, convencendo o Governo moçambicano a permitir o uso dos trajes macua no local de trabalho. “Tenho a consciência de que não será uma tarefa fácil, mas vou lutar até conseguir. Tendo de trabalhar bastante para convencer as pessoas”, disse Máquina.

Casa de Arte Moderna

A “Casa de Arte Moderna”, o seu ateliê, surgiu da necessidade de promover a cultura macua e a rmou que não se tratou de materialização de um sonho. O espaço está aberto desde o dia 2 de Julho de 2011 e tem como finalidade a promoção de trajes africanos.

Lúcia disse que o seu primeiro objectivo era criar uma revista que mostrasse vários modelos de roupa do povo macua, mas, feitas as contas, o dinheiro que havia amealhado nas suas actividades de mestre de cerimónia não era su ficiente, tendo optado por adquirir duas máquinas de costura, começando assim o desa fio de trabalhar com a capulana.

“Quando comecei a trabalhar tudo era difícil, mas compreendi que a vida é feita de desafios. Fui lutando até chegar a este patamar em que estou hoje”, disse Máquina para depois acrescentar que, depois do conceber a “Casa de Arte Moderna”, o próximo passo será transformá-la numa indústria de moda macua.

Presentemente, a jovem estilista conta com 14 máquinas de costura guardadas por falta de espaço para colocar todas em funcionamento. Máquina a firmou que a “Casa de Arte Moderna” começou a funcionar com um fundo de apenas 22 mil meticais.

“Aqui na galeria fazemos todo o estilo de roupa, de todas as culturas ou civilizações, mas o nosso maior desa fio é criar um espaço onde a moda macua tenha qualidade e não seja impedida de entrar no mercado internacional”, disse para depois acrescentar que a capulana tem um grande valor para a cultura macua.

Participações

Lúcia Máquina fez saber que no seu primeiro ano de existência a galeria participou em diversos eventos, nomeadamente o VII Festival da Cultura realizado na cidade de Nampula, tendo vestido alguns modelos que des filaram no evento, e a exposição da juventude no Conselho Municipal. Além disso, a jovem venceu o concurso Miss Nampula. Ainda este ano, tem uma viagem agendada para o Brasil, onde vai realizar uma exposição das vestes do povo macua e da região norte do país.

Como aprendeu a costurar

Aquela jovem estilista diz que aprendeu a costurar quando tinha entre 13 e 14 anos de idade num internato das irmãs católicas no distrito de Nacala-Porto onde residia. “Coloquei a mim mesma este desa fio, pois sou responsável pelos meus pais e irmãos. Desde cedo, sempre me preocupei com os problemas financeiros de casa”, disse.

Faltam clientes

A nossa entrevistada avançou que sente ainda a falta de auto-estima nas pessoas, pois não sabem valorizar aquilo que é produzido localmente. “As pessoas ainda não semearam o hábito de comprar aquilo que é feito por pessoas conhecidas mesmo que tenha melhor qualidade do que é feito fora”, disse.

Máquina reconheceu que a sua “Casa de Arte Moderna” ainda não é muito conhecida, daí a fraca procura de artigos ou peças que têm sido produzidos na galeria. Mesmo assim aquela estilista disse que mensalmente tem atendido mais de 15 clientes.

Para Lúcia, aquele número de clientes que procura os seus artigos signi fica um grande avanço rumo à materialização do seu sonho: industrializar a “Casa de Arte Moderna”. Ela a firmou que um dos seus desejos é lançar a marca “Lúcia Maquina”. “O objectivo disso é termos mais responsabilidade e qualidade no atendimento e promoção dos nossos produtos”, explicou.

A estilista disse que um dos constrangimentos na sua galeria é a falta de espaço para a materialização do seu sonho, pois o actual pertence ao Museu Nacional de Etnologia. Num outro ponto, apelou ao Governo, à sociedade civil e às associações para que trabalhem em prol da juventude.

B.I.

Lúcia Máquina nasceu no dia 2 de Junho de 1986, na cidade da Beira, província de Sofala. Actualmente, é estudante de Marketing na Universidade Católica de Moçambique em Nampula, e funcionária da Rádio Moçambique, Delegação de Nampula. Solteira, no seu tempo livre adora descansar e viajar. Tem 1.60 de altura. O seu prato preferido é arroz com feijão.

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