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Queda de poste das TDM fere gravemente uma criança em Mavalane

Desde o dia 24 de Maio passado, Sheila Macarala, de oito anos de idade, residente no bairro de Mavalane “A”, na cidade de Maputo, corre o risco de não voltar a ser uma criança normal, devido a uma lesão grave causada pela queda de um poste da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM), numa altura em que estava a entrar no quintal da sua casa. O incidente deu-se na ausência da mãe, tendo uma vizinha socorrido a petiza e evitado a sua morte, porém, está com dificuldades de se alimentar, e perdeu parcialmente a audição, a visão e a fala. Em consequência desse acidente, a vítima está impedida de continuar a estudar e deverá passar por algumas cirurgias, uma vez que o seu ombro direito e os maxilares sofreram bastante.

Na capital do país, sobretudos nas áreas residenciais, há inúmeros postes de transporte de energia eléctrica e de cabos de telecomunicações que, por causa da sua degradação e parente a demora das firmas a que pertencem em substituí-los, constituem um verdadeiro perigo para os transeuntes e/ou aqueles cujas residências se encontram nas suas imediações. Esse era o caso da estaca que se mantinha a prumo no solo defronte do domicílio de Sheila.

A progenitora da menina, Mafalda José, de 42 anos de idade, é uma viúva que mora numa casa em precárias condições e se queixa de ter sido abandonada pela sorte. Antes do incidente, a sua vida já era um suplício porque, para além de não ter fundos para reerguer a sua habitação – neste momento a ruir aos bocados – feita de uma mistura de caniço, pedaços de lonas e plásticos, metades de chapas de zinco enferrujadas – tão-pouco consegue garantir o sustento da sua família com os rendimentos obtidos da venda de bolachas e de pipocas numa banca móvel que todas as manhãs monta na rua.

Com os olhos reluzentes de comoção e dor, a mãe da Sheila disse ao @Verdade que agradece ao Todo-Poderoso pelo facto de a sua filha ter escapado da morte e não sabe como agradecer à vizinha, Olinda Sitoe, pela rápida intervenção ao retirar o obstáculo que se encontrava sobre a vítima.

Mafalda contou-nos, também, que ficou desesperada quando recebeu a notícia de que a descendente havia sido ferida por um poste das TDM.

A sua angústia foi maior no momento em que viu sangue a escorrer intensamente da cabeça da petiza. Nessa altura, a miúda foi levada para o Hospital Geral de Mavalane mas, devido à gravidade das lesões contraídas, teve de ser transferida para o Hospital Central de Maputo, onde ficou duas semanas internada numa enfermaria de cirurgia e submetida a várias observações médicas.

Os terapeutas chegaram a dizer que o quadro clínico da enferma era alarmante, o que deixou a mulher cada vez mais apreensiva e a suplicar, dias e noites, pela vida da menor.

“Orei bastante e as coisas foram dando certo. A empresa TDM criou condições para um tratamento condigno na unidade sanitária, apesar de nesta fase de recuperação ter vindo apenas uma vez visitar a família. Disponibilizou também transporte para levar a menina aos exames de controlo sempre que for necessário, mas ainda continuo preocupada porque não prestaram nenhuma ajuda alimentar à doente”, desabafou a nossa entrevistada.

Sheila teve alta e voltou ao convívio familiar mas continua sem comer normalmente porque os seus maxilares se movimentam a muito custo devido às lesões. Por enquanto, ela está condenada a dormir só do lado esquerdo porque se queixa de dores intensas em quase todo o corpo.

Segundo os terapeutas, a criança ainda precisa de uma assistência médica especializada para reduzir a gravidade das limitações físicas que podem impedir o exercício de uma parte significativas das suas funções. “Serão necessárias intervenções cirúrgicas no ombro direito, nos olhos e nos ouvidos”. Contudo, apesar desse tormento, a miúda está a recuperar paulatinamente as suas habilidades físicas, mas vai precisar de muito tempo para exercer algumas actividades sem se esforçar bastante.

Por sua vez, Mafalda disse-nos que a criança, que já não vê devidamente, sobretudo as coisas que se encontram distante dela, tem enfrentado um grande sofrimento para reconhecer as pessoas e não pronuncia nem articula as palavras como outrora, “o que me obriga a fazer um esforço para perceber o que a minha filha diz. Perante essas dificuldades, ela tem preferido permanecer muito tempo calada e isolada, principalmente quando as irmãs não estão por perto”.

Sheila frequenta a 3ª classe na Escola Primária Completa Unidade 11. Ela tem vontade voltar a à escola, mas não há condições para o efeito porque não consegue compreender as coisas a um ritmo de uma criança normal, por isso, “penso que teria muitas dificuldades para assimilar a matéria”.

Mafalda considerou que, olhando para as limitações físicas e psicológicas que apoquentam a sua filha, é urgente que as TDM encontrem formas de enquadrá- -la num estabelecimento de ensino especial.

Um novo internamento

A vítima da queda do poste das TDM voltou, no dia 10 de Junho corrente, ao Hospital Central de Maputo com a intenção de fazer alguns exames, porém, foi surpreendida com a notícia de que as anomalias no seu ombro direito, nas maxilas e nos olhos carecem de uma intervenção cirúrgica.

“Pensava que fosse ao hospital apenas para fazer um controlo de rotina, mas o doutor disse que o quadro clínico da Sheila ainda é preocupante e, por isso, deve ser novamente internada para ser submetida a uma pequena cirurgia e colocado um gesso no ombro”, disse a mãe, entristecida.

Jurista comenta a ocorrência

O advogado José Caldeira disse ao @Verdade que, caso se comprove que a queda do poste foi negligenciada pelo proprietário (a empresa TDM), a família da criança acidentada terá direito a uma compensação, que compreende, numa primeira fase, assistência médica permanente e, se possível, psicológica.

Posteriormente, a recompensa pelos danos causados à menina podem ser em dinheiro. Esta última forma de ressarcimento só poderá ser disponibilizada se os parentes quantificarem os danos causados pelo incidente, apresentando como comprovativo uma avaliação médica completa que contenha todas as consequências resultantes do acontecimento.

Nesse contexto, se houver confirmação de que Sheila contraiu limitações físicas, dificuldades de fala, de visão e de audição a partir do acidente em causa, os progenitores poderão definir com exatidão as necessidades da criança e os respectivos valores de indemnização, bem como outros benefícios inerentes ao processo.

Relativamente ao tratamento hospitalar, Caldeira sublinhou que, em certas ocasiões, o responsável pelo acidente é obrigado a contratar um assistente médico, psicológico, dentre outros agentes de Saúde para assegurar uma rápida reabilitação ou readaptação da vítima, dependendo da gravidade das lesões contraídas.

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