Se durante cerca de 200 horas em que a VII Semana da Moda Africana – Vodacom Moçambique Fashion Week – a mulher africana, a moçambicana em particular, tiver percebido, perfeitamente, que ninguém está inume ao cancro de mamã e, por via disso, cuidar-se cada vez mais, diríamos: missão cumprida para a DDB. No entanto, em paralelo a isso, novos desafios se instalam num evento que cresce anualmente. O espaço é um deles…
No último dia da exposição da moda africana – o Vodacom MFW 2012 – a festa começou de forma muito africana. Muita batucada instigou os bailarinos do Grupo de Dança Tradicional Xindiro a engendrar o que de melhor há no seu repertório de acção e de representação cultural.
No entanto, vale antes dizer que, além de ser um evento que privilegia o reconhecimento, a promoção da moda e dos estilistas moçambicanos no mundo, por um lado, bem como a descoberta de novos talentos na área – por parte de todos os intervenientes – o MFW deste ano acabou sendo, na mesma proporção, uma oportunidade para que o público descobrisse os segredos, a imaginação e a criatividade do estilistas nacionais e do mundo.
Tudo isto acabou concorrendo para que o fecho as Semana da moda em Maputo – uma cidade cada vez mais cosmopolita – se convertesse em pura noite de glamour, muita cor, luz, inovação, mas acima de tudo de promoção à saúde, quase sem precedentes.
Sofisticar o combate do cancro
Tornar os mecanismos de combate ao cancro de mama sofisticados. É, na verdade, com esta impressão que ficamos com a campanha que – neste sentido – se agregou àquela iniciativa. Promover uma compreensão comum sobre o mal (entenda-se cancro de mama) no seio das mulheres.
Na sua metáfora – para explicar que o cancro de mama pode equivaler um seio amputado, nos seu brindes (oferecidas às mulheres presentes) a DDB incluiu um soutien contendo apenas uma parte para envolver o seio. A ideia era “passar uma mensagem de prevenção. De uma forma pouco convencional”, conforme a organização.
Trata-se, na verdade, de tornar a mulher cada mais consciente sobre os efeitos desastrosos que o cancro pode causar.
Portanto, “um alerta para o efeito brutal que o cancro da mama pode causar: a retirada ou amputação do seio”. É por isso, que para o MFW é urgente que ninguém “deixe o cancro da mama virar moda”. E isto – na compreensão deste movimento – só pode ser materializado com um auto exame e prevenção permanente.
Mais importante ainda, no contexto desta campanha, é que um conjunto de panfletos, explicando como uma auto-análise do cancro da mama foi distribuída a maior parte das mulheres que acederam ao evento, incluindo a Primeira Dama da República, Maria Da Luz Guebuza, que se associa à iniciativa.
Estas e outras razões valeram a Vasco Rocha, o director da DDB Moçambique e do MFW a deixar – em jeito de balanço – algumas impressões ao @Verdade sobre o evento.
@Verdade: Como descreve a VII semana do MFW?
Vasco Rocha (VR): Foi interessante! Uma semana de cultura moçambicana e africana em que mesclou muita música, arte, com destaque para a moda. Criamos um (enorme) movimento que agitou a cidade. Isto é importante porque torna Maputo num espaço cosmopolita. Penso que conseguimos fazer um festival melhor, quando comparado a do ano passado. E, era importante que assim fosse. Os estilistas moçambicanos estão de para-bens porque demonstraram um maior conhecimento em relação à edição passada que, de certa forma, se caracterizou por alguns produtos com qualidade não apreciada. Foi importante o envolvimento da escola – com o projecto MFW Schoool – que aglutinou miúdos que, em princípio, não eram designers. Mas que – com a sua participação ao evento – criaram peças com qualidade, nalgumas vezes, superior a dos young designer. Juntamos DJ´s de todo o país para produzir música que foi utilizadas enquanto decorria o desfile. Ora isto foi interessante porque foi um nova experiência do MFW – neste sétimo ano – que se agregou aos After Parties. As pessoas gostaram imenso! Isto mostra que há espaço (também) para trabalhar nesta área. @Verdade: E quais teria sido os pontos mais altos? VR: Penso que os pontos mais altos do MFW foram um todo. Houve muitas surpresas para o público. Mas a maior surpresa deste ano foi a admiração que as pessoas demostram por aquilo que viram nas passarelas. Quer seja do trabalho do young designers, quer dos dos estabelecidos, quer ainda dos pana-africanos, assim como dos internacionais. O que decorreu é que cada estilista que entrava introduzia produtos novos que, até certo ponto, as pessoas não estavam habituadas a ver.
@Verdade: Como perspectiva o futuro? A edição do MFW 2012?
VR: Na próxima edição, a DDB Moçambique trabalhará no sentido de acrescentar valor ao MFW. Isto equivale a iniciar a trabalhar a partir de Janeiro, como forma de encontrar a melhor forma de vestir Moçambique. Eventualmente algumas transformações serão operadas no MFW-School, sobretudo porque esta foi uma uma secção muito (bem) apreciada e aceite pela escola e pelo público. Começamos em Maputo e, seguramente que no futuro, abarcaremos as províncias.
@Verdade: Desta vez o mecenato jogou (bem) o seu papel….
VR: De certo! Este ano, a Vodacom Moçambique assumiu o nome do avento, o que nos honra bastante, porque significa que o MFW está sendo assumido por uma marca de grande prestígio. Mas tivemos outros parceiros como o Standard Bank que – entrou pela primeira vez este ano e esteve mais ligado a questões sociais, com particular destaque para para o MFW-School. Por isso, devo referir que na inexistência do apoio dos nossos parceiros – seja em dinheiro ou de outro tipo – ser-nos-ia muito difícil realizar o MFW.
@verdade: Talvez tivesse havido muito mais gente caso não tivesse uma mudança súbita do local da realização do evento hoje. O espaço começa a ser um (novo) desafio para o MFW…
VR: Se calhar tenhamos causado algum transtorno às pessoas. Mas como a semana tinha vindo a correr bem, optamos em realizar o evento no Centro de Conferências Joaquim Chissano. E evitar eventuais problemas por causa da mudança do estado do tempo no espaço Kampfumo. Por isso, no próximo ano, a tendência da Organização do MFW será arranjar um espaço cada vez maior, em que as pessoas se sintam bem acomodadas.